O maestro que quebra a batuta

d81.jpgO oboé dá o tom e o maestro levanta a batuta. Os instrumentos de cordas, sopro e percussão se afinam e no palco começa o espetáculo. Esse é o ponto de partida para as apresentações das orquestras. Entre um diferencial e outro que os maestros e seus músicos preparam, o rumo dos concertos costuma seguir um certo padrão. Sensação em 2005 e o primeiro a conseguir a proeza (até onde a reportagem apurou), o regente da Orquestra Sinfônica da USP (Osusp), de São Paulo, Carlos Moreno, vem quebrando diversas batutas (vara que marca o ritmo da música) ao longo das apresentações de sua orquestra.

O fato gerou polêmica e, a cada espetáculo, o público espera o momento em que a batuta se parte. ?Tem muita gente que fica à espera do instante exato em que quebro a varinha, mas nem eu sei quando vai acontecer?, conta Moreno. Segundo ele, a batuta determina a exatidão do movimento do braço do maestro, e como seus movimentos são viris, a agilidade impressa na busca da interpretação com sentimento faz com que em todos seus concertos as batutas se partam. Com uma seqüência aproximada de 40 concertos por ano, Moreno quebra uma batuta a cada apresentação. ?Acho que vou virar sócio da fábrica que produz as batutas?, brinca. Para não ultrapassar o orçamento da Osusp, o maestro encomendou várias batutas mais reforçadas, na cidade de Tatuí (SP).

Como com ou sem batuta o concerto não pode parar, as apresentações da Osusp são regidas pela batuta do maestro Carlos Moreno até uma parte do show. ?Em algum momento a regência exige tanta energia, inclusive a comparo com o tai chi chuan (arte marcial), pois os movimentos são rápidos, que excedo na movimentação do braço?, explica o maestro. Em algumas obras a batuta chega a fazer falta para um regente, contudo, não existe a obrigatoriedade de sua utilização.

Carlos Moreno

Maestro e diretor titular da Orquestra Sinfônica da USP há 4 anos, Moreno, de 37 anos, atua junto ao cenário musical brasileiro coordenando repertórios eruditos de obras estrangeiras e nacionais, além de realizar projetos nas áreas sociais e educacionais. Sua guinada na carreira musical ocorreu em 1991. Pela brilhante atuação como professor de música, recebeu uma bolsa de estudos para estudar na Alemanha e na Áustria. Sua formação é de violinista pela Universidade Uni-Rio (sob orientação de Paulo Bosisio) em 1995. Como regente convidado, dirigiu orquestras como: Orquestra Sinfônica Nacional, Akademisches Kammerorchester Zürich, Symphonisches Orchester Biel e a Orquestra Sinfônica do Paraná.

Osusp

Formada há 30 anos pelo reitor Orlando M. de Paiva, atualmente a Osusp, regida por Carlos Moreno, realiza concertos didáticos, participa de festivais e oferece cursos da música sinfônica e camerística brasileira, latino-americana e européia. O último concerto de 2005 foi realizado na última terça-feira, no Teatro São Bento. O espetáculo Concerto de Natal teve a participação solo do violinista Cláudio Michelleti, sob a regência de Juliano Suzuki. O programa teve Concerto grosso op.6 n.8 Fatto per la notte di Natale, de A. Corelli, Concerto op.8 n.1 Primavera, de A. Vivaldi e Árias e danças antigas, 3ª suíte, de O. Respighi.

?Por votação, nos próximos 2 anos continuarei como diretor e regente da Osusp, e para 2006, teremos um roteiro atraente com a 4ª Sinfonia de Shumann, Festival Beethoven, concerto para piano e a participação de vários solistas convidados.? Em 2006, a Osusp ainda faz homenagem a Wolfgang Amadeus Mozart, em comemoração aos 250 de seu nascimento.

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