O ator Antônio Calloni é um otimista de ?carteirinha?. Apaixonado pela profissão e, principalmente, por atuar na tevê, ele faz questão de encontrar pontos positivos nos trabalhos que faz, mesmo que não façam grande sucesso. É o caso de Começar de Novo, onde interpreta o mimado Olavinho.
A novela de Antônio Calmon, que acaba dia 16, raramente ultrapassa os 35 pontos de audiência e nem o constante ?entra e sai? de personagens fez a trama emplacar. Mas Calloni está satisfeito e o motivo é o seu personagem. O Olavinho se envolveu na política, descobriu ter um filho fora do casamento e, recentemente, soube que era filho de Mikhail e irmão de Miguel Arcanjo, de Marcos Paulo. ?O Olavinho sempre teve um espaço muito bom na trama. Ele conseguiu se manter ativo e despertou um alto grau de interesse no público?, comemora.
Ao contrário do que faz normalmente, Calloni não vai ?emendar? um outro trabalho em Começar de Novo. Assim que a novela terminar, ele quer viajar com a família e se dedicar a sua outra profissão: escritor. Até o meio do ano, ele pretende lançar seu quarto livro. Apesar de ter tido seu primeiro livro editado em 1999, Calloni tem consciência que ainda há um certo preconceito por ele ser um ator que escreve. ?As pessoas estão habituadas comigo como ator, até criarem um interesse real pelo escritor vai demorar um pouco. Mas não fico revoltado com isso?, assegura.
P – Que avaliação você faz de Começar de Novo?
R – Esse foi um trabalho ao qual eu tive de me dedicar demais em função da audiência e da mudança de direção no meio da novela. Mas, ao mesmo tempo, isso foi um ótimo exercício. Aprendi a como me manter afastado desses problemas e continuar focado na minha interpretação. Também foi um aprendizado muito grande ver nos meus companheiros de elenco uma união rara, uma vontade de defender a novela. No final, o saldo é sempre positivo.
P – O que mais chama sua atenção no Olavinho?
R – Ele é um personagem muito estimulante na medida que podia ser qualquer coisa, podia adotar qualquer caminho durante a trama. Ele é capaz de gestos generosos, de grandes e de pequenas maldades. Mas ele não faz maldades porque é realmente mau, mas porque é um fraco. Ele é um homem que não cresceu, que foi superprotegido pela mãe e se tornou muito dependente dela. A dificuldade de achar esse tom é o que mais me encanta.
P – O Olavinho abdicou do cargo de prefeito e não deve sofrer maiores punições por tudo o que fez. O que você acha desse final?
R – Achei o destino do Olavinho fantástico. Ele vai ser punido proporcionalmente ao que fez. Ele não foi um criminoso de primeira grandeza. O interessante foi que o Olavinho aprendeu com os próprios erros. Ele sofreu um grande baque ao se dar conta de quem realmente era a mãe dele, do que ela era capaz e de que ela escondeu dele durante a vida inteira a verdadeira identidade do pai dele.