Antes retornara como herói da guerra do Paraguai e, logo, fora articulador e um dos expoentes da proclamação. Mas, restaurador da ordem democrática, do Federalismo e da República, Floriano Peixoto tem sido caluniado e injuriado na posteridade. Autores pífios, entre os equivocados, causam-nos indignação ofendendo-lhe a memória. Cobrem-no de opróbrios, vilipendiam-no com falsa assertivas de que fora “ditador”, “tirano”, “sanguinário” imitam-lhe os inimigos que, numa insensata rebeldia, promoveram a calamitosa guerra civil brasileira. Ele salvara a Pátria ameaçada de desintegração pelo movimento contra-revolucionário, anárquico e retrógrado, o qual reunia monarquistas, revanchistas, elementos arrivista, a classe política que apoiara a dissolução do Congresso, a Armada Imperial, Guarda Nacional, barões e “coronéis”, a caudilhagem inconseqüente e a plebe desgovernada.
Confundiam-se os intuitos restauradores, separatistas e de vinditas. Essa a campanha, não-revolução e muito menos federalista, contra o ínclito presidente que reabrira o Congresso Nacional, preservando a Constituição vigente.
Deodoro aproximara-se novamente dos monarquistas. Apoiaram-no almirantes, principalmente Saldanha da Gama, Wandelkok, e alguns oficiais do Exército. Um de seus ministros pronunciara a maior asneira sobre a proclamação, negando a história e as lutas populares, como os néscios repetem. A de que “o povo a assistiu bestializado”. Qual se em queda de Bastilha, de Monarquia, o povo fosse alheio e não tomasse parte. Rui Barbosa, com o encilhamento, decreto de emissões, provocara grande inflação e desvalorização da moeda, que favorecera as classes conservadoras em prejuízo da população. Perdendo prestígio e popularidade, tentando um golpe, Deodoro dissolveu e ocupou o Congresso, mas vinte dias depois, em 23 de novembro de 1892, sob a mira do couraçado Riachuelo, viu-se obrigado a passar o governo a Floriano Peixoto, que fora eleito vice na chapa de oposição encabeçada por Prudente de Morais. Campos, Sales redigira o manifesto dos congressistas contra o golpe. Floriano reabriu o Congresso, enquanto os políticos que haviam aderido à ditadura abortada, insurgiram-se nos Estados dando início à série de desordens e, por fim, à guerra civil que teve início no Rio Grande do Sul e com a Revolta da Armada, ensangüentando o País.
Pífios autores não o sabem, se de má-fé não o omitem. E descrevem repetitivamente, sobejamente conhecidas passagens, marchas, lutas, episódios, vitórias e derrotas dos combatentes. A alienação é a causa principal das injúrias contra Floriano, que cumpriu seus deveres presidenciais, inatingível em sua glória, entre os pais da Pátria, constituintes da Primeira República.
Noel Nascimento
– da Academia Paranaense de Letras.