O filme que desafiou o puritanismo

O primeiro filme a desafiar o poder dos grandes estúdios norte-americanos e dos setores conservadores da sociedade – incontestável desde os trepidantes anos 30 -, foi A Primeira Noite de um Homem (1967), de Mike Nichols, que alçou Dustin Hoffmann ao estrelato. Este é o ponto de vista que o documentarista, crítico cinematográfico e editor de O Estado Alex Gutenberg defende em palestra hoje, às 19h, na Livraria Curitiba do Shopping Estação.

“O filme é um marco da contracultura, tão importante quanto os discos do Greateful Dead ou as experiências lisérgicas de Timothy Leary”, defende. Mike Nichols adaptou o filme de um romance publicado pela primeira vez em 1963, quando o autor, Charles Webb, tinha menos de 25 anos, e que logo tornou-se objeto de culto entre a nascente geração psicodélica americana.

Um dos motivos de tamanho sucesso é o questionamento que o livro apresenta sobre temas como o materialismo, as relações familiares e a falta de perspectivas para a vidas adulta, como se o protagonista Benjamin Braddock, vivido por Dustin Hoffman no filme de Mike Nichols, fosse um Holden Caulfield, o garoto de O Apanhador no Campo de Centeio dez anos mais velho.

Oscar

O filme, além de faturar a maior bilheteria de 68, foi indicado para sete Oscars e transformou Dustin Hoffman em um astro de primeira grandeza. A trilha sonora de Simon & Garfunkel é uma das mais vendidas em todos os tempos. Apesar de o filme ser considerado “extremamente fiel ao livro” pelo seu produtor, Lawrence Turman, existe ao menos uma grande diferença entre os dois: no livro, os Braddocks são brancos, anglo-saxônicos e protestantes. Algo como o conceito de “quatrocentões” para os paulistas. Já no filme de Nichols, eles são mais morenos, têm uma aparência um tanto fora dos padrões do que se esperava até então em uma comédia romântica como essa.

Principalmente porque a amante casada de Hoffman, vivida por Anne Bancroft, e a filha, são louras como Doris Day – que aliás foi a primeira escolha para o papel de Mrs. Robinson, a mulher que fica louca da vida quando é trocada pela filha, e quer destruir o romance a qualquer custo, levando o personagem de Hoffman à célebre conclusão: “Não confie em ninguém com mais de trinta”.

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