Uma das maiores produções teatrais de todos os tempos, O Fantasma da Ópera, do compositor britânico Andrew Lloyd Webber, terá um curitibano em seu elenco.
O musical que, no último dia 9 de janeiro, marcou sua 7.486.ª apresentação na Broadway, tornando-se a produção com maior número de récitas na história de Nova York, (anteriormente o recorde era do musical Cats, também de Lloyd Webber, com 7.485 apresentações) selecionou o bailarino Luciano Lazzarotto, 25 anos, o único brasileiro, para a montagem da peça que irá estrear em Las Vegas no dia 4 de junho. Encenado em 21 países, incluindo o Brasil, a produção já foi vista por quase 11 milhões de pessoas e arrecadou perto de 600 milhões de dólares. O musical, que estreou em Londres em 1986, e que ainda está sendo exibido naquela cidade, virou um fenômeno internacional. ?Quando soube que havia sido escolhido perdi o chão, pois achava que seria impossível. Eram muitos profissionais de alto nível lutando pelo papel, sem contar o nervosismo de dançar e cantar na frente de uma banca composta por pessoas do mais alto gabarito?, diz Lazzarotto que foi escolhido entre 800, dançarinos e cantores de várias regiões dos Estados Unidos. O bailarino irá começar a ensaiar em abril, no teatro do Hotel Venetian, em Las Vegas, que está sendo reformado especialmente para o musical. ?Essa é uma nova produção que celebra as mais de sete mil apresentações do musical. O teatro do hotel está sendo inteiro reformado para se parecer com a Paris de 1800, terá um lago de verdade e muitos efeitos especiais. Um investimento de cerca de 40 milhões de dólares?, conta o bailarino. O papel de Luciano é o mestre dos escravos (slave master), o principal personagem para um bailarino na montagem. ?Eu queria muito esse papel, é um personagem forte e de impacto, que exige muito. Tem que ter 100% de dedicação.? A coordenação da montagem é do diretor Hal Prince, veterano profissional da Broadway, que ganhou mais de 20 prêmios Tony (o Oscar do teatro americano). Com muita versatilidade na dança, Luciano, que mora nos Estados Unidos há 10 anos e já passou por diversas companhias do país, como Cincinatti Ballet, San Francisco Ballet e Opera, e Louisville Ballet, assume que precisa trabalhar o canto, já que irá participar do coro. ?Durante a minha temporada no San Francisco Opera eu pude iniciar os estudos em canto, com aulas particulares. Mas vou precisar me empenhar muito mais, criar o hábito diário de praticar?, explica.
Apoio foi fundamental para a carreira
Antes de completar 10 anos de idade, Luciano Lazzarotto já fazia teatro, e foi procurar na dança uma forma de melhorar a postura. Foi então que ele se apaixonou pela arte. ?O balé é fascinante, e proporciona equilíbrio e simetria, que permite conhecer o corpo de dentro para fora??, afirma. Hoje com 25 anos, o filho da professa aposentada, Elga e do taxista Natalino, o bailarino diz que atingiu um dos grandes sonhos, que é cantar, dançar e interpretar.
E a determinação do jovem foi fundamental para essa conquista. Luciano conta que os dez anos de formação no balé ele fez em cinco, pois passava parte do dia na escola. A professora e proprietária da academia Petit Ballet, Rita de Cássia Monte Correia, revela que percebeu o talento do jovem bailarino e resolveu investir. Além da bolsa de estudos, ela o acompanhou em uma viagem aos Estados Unidos para conhecer as melhores companhias de dança. ?Dois meses depois veio o convite para o American Ballet, e como ele tinha muito determinação e talento, não parou mais??, lembra.
Com apenas 16 anos, Luciano foi morar sozinho nos Estados Unidos. A mãe afirma que ficou com o coração na mão, ?pois ele não pediu permissão, só comunicou a família que iria?. Elga lembra que, quando o filho começou a se interessar pela dança, achou que seria algo passageiro, mas depois viu que ele tinha talento ?e a dança seria sua grande paixão??. Elga e Natalino nunca foram assistir ao filho no exterior, mas planejam acompanhar a sua estréia em Las Vegas. (Rosângela Oliveira)
