Há controvérsia, quando o assunto é quem foi/é o melhor James Bond do cinema. Sean Connery permanece firme no imaginário de numerosos fãs, Daniel Craig beneficia-se do tratamento mais adulto do personagem (e da direção de um autor como Sam Mendes). Mas pouca gente duvida que Roger Moore foi o mais humorado dos intérpretes do papel. E o mais longevo – Moore viveu sete vezes o personagem criado pelo escritor Ian Fleming, entre 1973 (007 – Viva e Deixe Morrer) e 1985 (007 Na Mira dos Assassinos).

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Na terça-feira, dia 23, seus filhos – Deborah, Geoffrey e Christian Moore (com a terceira mulher, Luisa Mattioli) – anunciaram a morte do pai: “Com grande pesar, anunciamos que nosso querido pai, Sir Roger Moore, morreu hoje na Suíça após uma batalha breve, mas corajosa contra o câncer”, afirmou a família em uma nota divulgada no Twitter.

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Moore morreu em decorrência de um câncer, aos 89 anos. Há quatro anos, ele descobriu ter um tumor na próstata. Nascido em Londres, em 14 de outubro de 1927, ele próprio brincava que era um sobrevivente profissional. Teve pneumonias, várias vezes (desde criança). Era diabético e ainda teve câncer de pele. Também dizia que as doenças – e a morte da terceira mulher, da enteada, de câncer – fizeram dele um homem melhor.

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Dedicou-se a causas humanitárias e, principalmente, à carreira de embaixador do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância). Por seu trabalho na ONU, a rainha Elizabeth fez dele cavaleiro – nada mal para o filho de um modesto policial. Na França, recebeu a comenda das artes e das letras. Para fugir do fisco inglês, foi morar na Suíça, onde morreu. Segundo a família, será realizado um funeral privado de Moore em Mônaco.

Foram sete vezes que ele viveu 007, com seus ternos impecáveis, sua fleuma e elegância clássica, e entre os dois filmes citados apareceu também em 007 – O Homem com a Pistola de Ouro, O Espião Que Me Amava, Somente para Seus Olhos, 007 Contra o Foguete da Morte e Octopussy. Justamente em Contra o Foguete da Morte, protagonizou com Richard Kiel, o vilão Dentes de Aço, a eletrizante luta no bondinho do Pão de Açúcar. Bonitão – alto e loiro, olhos claros -, Moore debutou em Hollywood, no estúdio Metro. Era o terceiro nome, após Glenn Ford e Eleanor Parker, em Melodia Interrompida, de George Sidney. O fracasso de Diana da França, com Lana Turner, levou o estúdio a rescindir seu contrato.

Moore foi para a Warner e coprotagonizou, com Carroll Baker, o melodrama O Milagre. Durante as guerras napoleônicas, na Espanha, noviça abandona o convento para seguir soldado. A própria Virgem desce do altar e veste seu hábito, produzindo o milagre do título.

Depois de uma vida de errância e devassidão, Carroll volta arrependida ao convento. A crítica caiu matando, mas Moore iniciou outra carreira na televisão, quando as séries ainda eram chamadas de enlatadas. Fez Ivanhoé, The Alaskans, Maverick e O Santo, que durou seis temporadas e teve 118 episódios. Emendou com The Persuaders, também com Tony Curtis, mas abandonou para ser 007.

Moore escreveu três livros relatando sua experiência ficcional como o agente com licença para matar. Um deles é dedicado a Sean Connery. Sem a aprovação (e as orientações) dele, Moore dizia que não teria se aventurado no papel.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.