O encanto das megeras nas telenovelas

tv41.jpgVilã de novela é o papel dos sonhos da maioria das atrizes. E o motivo é simples: dependendo de quem escreve e, principalmente, do desempenho de quem faz, as antagonistas costumam ser mais carismáticas que as heroínas. Afinal, as mocinhas normalmente só fazem sofrer e chorar, chorar e sofrer. Por conta disso, correm o risco de ficarem insuportáveis de tão chatas. Já as vilãs, não. Em alguns casos, caem nas graças do público pelo senso de humor apuradíssimo em geral, mórbido e pela noção de moralidade quase doentia. Exemplos recentes é o que não faltam, como a Laura, de Celebridade, e a Nazaré, de Senhora do Destino.

A julgar pelos primeiros capítulos de América, a implacável May, vivida por Camila Morgado, vai pelo mesmo caminho. A aparência da vilã não poderia ser mais angelical: cabelos louros encaracolados e olhos de um azul cristalino. Apesar disso, a moça vai infernizar a vida de Sol, interpretada por Deborah Secco. Para viver a primeira antagonista de sua carreira, Camila foi buscar inspiração em Bette Davis, a diva de Hollywood que interpretou o papel de megera em filmes como A Pérfida e O Que Terá Acontecido a Baby Jane?, ?O fato de estrear em novelas como uma vilã não me assusta, me deixa curiosa. Não vejo a hora de levar uma sacolada no supermercado?…, diverte-se.

Outra forte candidata a vítima em fila de supermercado é a atriz Zezé Polessa, que interpreta a vilã Ester de A Lua Me Disse, a nova novela das sete. Mas, ao contrário de Camila, Zezé já deu vida a outra antagonista na tevê, a Firma da minissérie O Memorial de Maria Moura. Para a atriz, o segredo da vilania é humanizar a personagem. ?Quanto mais crível, melhor. Só assim o telespectador vai olhar para ela e compará-la com uma parenta, uma vizinha… Aí, não tem erro. É sucesso na certa!?, assegura.

Mas há quem opte por uma caracterização mais over, quase cartunesca. Até mesmo por causa do público-alvo da novela em que atua. Esse é o caso da atriz Suzy Rêgo, que interpreta a vilã Malva na infanto-juvenil Floribella, da Band. Qualquer semelhança com a Cruela De Vil, de Os 101 Dálmatas, inclusive, não terá sido mera coincidência. A atriz chegou a colocar longas mechas brancas sobre os cabelos negros.

Amor e ódio

Em alguns casos, as vilãs são tão carismáticas que acabam despertando o amor e ódio do telespectador. A Nazaré, de Senhora do Destino, foi uma delas. Ao mesmo tempo em que as pessoas a odiavam, esperavam ansiosas para ver qual seria a sua próxima maldade, espanta-se Renata Sorrah. O sucesso foi tanto que a personagem virou apelido no SBT. Hoje, Fátima, a megera de Esmeralda, interpretada por Tânia Bodezan, ficou conhecida como Nazaré do SBT.

Tão popular quanto a Nazaré, de Senhora do Destino, só mesmo a Laura, de Celebridade. A personagem de Cláudia Abreu mereceu sátira no Casseta & Planeta, Urgente!, inspirou matéria de comportamento no Fantástico e, principalmente, chamou mais a atenção do que a heroína Maria Clara Diniz, vivida por Malu Mader. ?A Laura não era má o tempo todo. Era muito divertida também. E as pessoas divertidas são sempre as mais populares da turma, não é mesmo??, arrisca a atriz.

 Mas Laura não é a única vilã memorável na galeria do autor Gilberto Braga. Vale lembrar que, entre outras, ele criou também Iolanda Pratini, interpretada por Joana Fomm em Dancing Days e Maria de Fátima, vivida por Glória Pires em Vale Tudo. Coincidência ou não, Joana Fomm acabou se especializando no papel… ?Houve uma época em que achei isso tudo muito chato e resolvi variar um pouco. Justamente aí me ofereceram o papel de boazinha numa novela e o da Perpétua em outra. Meu Deus, não tive escolha! Personagens como a Perpétua não aparecem todo dia…?, resigna-se, brincalhona. 

Pagando pelas maldades cometidas pela personagem

Vida de vilã de novela não é das mais fáceis. A atriz corre sempre o risco de ser mal-interpretada, xingada ou, pior, agredida nas ruas. Deborah Secco que o diga. Na época de Laços de Família, atualmente no Vale a Pena Ver de Novo, a atriz não conseguiu escapar da guarda-chuvada desferida por uma dona-de-casa revoltada com o comportamento de Íris, sua personagem na novela. Joana Fomm não chegou a tanto. Mas as maldades perpetradas por Lúcia Gouveia em Corpo a Corpo ultrapassaram os limites da ficção. Tanto que a atriz deixou de ser atendida pelo garçom do clube que freqüentava. Mesmo diante das explicações da atriz, o sujeito se recusou a atendê-la.?Está pensando que vai me enganar, é? Eu reconheço a senhora da novela…?, diverte-se Joana.

A atriz Regiane Alves também não escapou de levar umas guarda-chuvadas na cabeça. Graças à Dóris, a neta desnaturada que maltratava os avós em Mulheres Apaixonadas, ela passou por situações embaraçosas. Certa vez, num avião, pediu que o passageiro ao lado acendesse a luz. Ouviu, como resposta, que ele não ajudaria uma mala. Cláudia Abreu se solidariza com Regiane. ?Vai levar um tempo até eu me livrar da pecha de ?cachorra?…?, admite ela.

Já Giovanna Antonelli se frustra por não ter levado um puxãozinho de orelha sequer durante Da Cor do Pecado. Culpa, garante ela, da Jade, de O Clone. Afinal, o público simplesmente não conseguiu sentir raiva dela… ?Houve uma senhora que virou para mim e disse: ?Sei que você está má na novela, mas eu amo você assim mesmo, viu??, lembra a atriz, indignada.

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