Um dia memorável. É a frase com a qual Zuza Homem de Mello define a vez em que recebeu Luiz Eça em um de seus programas Jazz Brasil, apresentado na TV Cultura nos anos de 1989 e 1990. “Ele vinha de problemas de saúde, estava afastado, mas chegou lá para fazer um dos mais espetaculares programas que já fiz. Batemos um papo como se fôssemos velhos amigos.”
Eça estava mesmo em uma noite inspirada. As recordações de Zuza podem ser vistas em vídeos na internet, preservados pela Cultura. Eça estava acompanhado pela baterista Lilian Carmona e pelo baixista Luiz Alves. Samba de Uma Nota Só foi um arraso, mas veio em um andamento tão ligeiro que lhe pregou uma peça. Depois de fazer a mão esquerda movimentar os baixos de forma inebriante na primeira parte, ele salta para a segunda precisando manter o fogo alto que acendeu desde o início, mas as notas se atropelam.
Esperto, não deixa a segunda parte criada por Jobim, com letra de Newton Mendonça, retornar e termina a música como uma vinheta. Mais suave, O Barquinho, de Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli, vai trazer a face do suingue de Eça, algo que remete aos anos de Tamba Trio e das blue notes que entremeavam suas frases.
Origens
Luiz Eça, descendente distante do escritor português Eça de Queirós, tem sua carreira iniciada na década de 1950, quando começou a ouvir o piano de outro homem, de outros traços musicais, que ajudaria a desenhar a bossa nova que viria logo mais: Johnny Alf. Eça chegaria a substituí-lo em apresentações na Boate Plaza.
Uma das formações de seu grupo teria João Donato no acordeom (seu primeiro instrumento antes do piano), Milton Banana na bateria e a cantora Claudette Soares. Antes de fazer parte da primeira fase da Bossa Nova com o Tamba Trio, Eça formou o trio Penumbra, com Candinho ao violão e Jambeiro no contrabaixo, para apresentações na Rádio Mayrink Veiga.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.