‘O crítico’ subverte clichês da comédia romântica

Antes de ganhar o prêmio da crítica em Gramado, em agosto passado, O Crítico esteve na Mostra de São Paulo, no ano anterior. É a primeira produção da empresa argentina Haciendo Cine/Fazendo Cinema – e o nome é o mesmo da revista que o diretor Hernán Guerschuny possui com o produtor Pablo Udenio. Crítica & mercado. Guerschuny define o cinema da Argentina – “Tem os filmes com (Ricardo) Darín e o resto.” O Crítico possui um charme especial. Como diretor e roteirista, Guerschuny satiriza/subverte os clichês de comédia romântica. Brinca com o velho clichê de que os gostos do público e da crítica andam separados.

Numa cena, o crítico explica à sobrinha o que são os clichês do cinema romântico que ela adora. É exigente, durão. Há anos não outorga a cotação máxima – quatro butacas, isto é, poltronas – no jornal em que trabalha. Quando atribui todas as poltronas, os colegas pensam que foi forçado pelo editor.

Para eles, o filme é um lixo, o tipo de produção à qual nosso crítico não daria poltrona nenhuma. Mas Tevez – é seu nome – não foi forçado. Algo houve.

Apaixonado pelas musas da tela – Jean Seberg em Acossado, de Jean-Luc Godard – o crítico é flechado. O amor o amolece. Uma frase da crítica é destacada para fazer a publicidade e é tão piegas que até o garçom da cafeteria se acha no direito de debochar. Louco de amor, o crítico veste-se de vermelho. É uma homenagem ao Howard Hawks de Hatari!, filme que discute arte e vida, o masculino e o feminino. Lá Elsa Martinelli vestia vermelho paixão, “mas não conte para ninguém. É para iniciados”, pediu Guerschuny em Gramado.

O detalhe revela mais do que parece. Para o diretor, O Crítico não é só sobre crítica. “Uso o tema para falar de outras coisas.” Do masculino e do feminino, como Hawks. No limite, o crítico não é o homem que talvez quisesse ser. A garota é mais determinada que ele. Tem uma frase final incisiva, que o desmonta. Guerschuny lida com clichês. O crítico pensa em francês, tem um amigo militante que parece Michael Moore. Sua crítica destrutiva provoca a ira de um cineasta que se envolve com a sobrinha sensível para se vingar. O que já é bom fica melhor ainda com os atores Rafael Spregelburd e Dolores Fonzi. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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