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O ano ainda nem acabou, mas é fácil saber qual livro teve a maior repercussão para os leitores. A obra de Dan Brown, O Código da Vinci, foi o mais vendido nos Estados Unidos pelo segundo ano consecutivo. No Brasil, está em primeiro lugar há 37 semanas seguidas e deve fechar 2004 com mais de 512 mil unidades comercializadas. Ao todo, mais de 17 milhões de livros foram vendidos. E o sucesso do livro foi tamanho que o enredo deve virar filme nos próximos meses. Só na rede Livrarias Curitiba, que atua nos três estados da região Sul, o montante ultrapassou os 50 mil exemplares.

Questionada em vários países, a ficção gerou mais publicações sobre o tema. Hoje é fácil encontrar títulos que desmarcaram, revelam ou decodificam o Código, mas nenhum com a mesma intensidade do volume original. Quase dois anos depois de sua publicação, em março de 2003, este romance esotérico-religioso ocupa o lugar de destaque em várias livrarias, onde best-sellers como a autobiografia de Bill Clinton não ficaram mais que algumas semanas. Curiosidades à parte, outros três romances de Dan Brown aparecem na lista dos mais vendidos também.

Depois de se declarar "estupefato" com o sucesso do livro, o autor até então desconhecido já não fala mais em público. Está em retiro em sua casa de New Hampshire, onde escreve seu quinto romance, que deve ser lançado em 2005.

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Segredos

O que faz o livro ser um best-seller único é que, ao contrário de tantos outros que a gente lê e esquece rapidamente, esta obra motiva o leitor a se informar mais sobre as referências religiosas e artísticas do texto. "É uma espécie de curiosidade que vai sendo passada em cada uma das páginas e que prende a atenção do início ao fim", conta Marcos Pedri, diretor comercial da Livrarias Curitiba, apaixonado por livros e com uma biblioteca própria com mais de 500 volumes.

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A obra conseguiu acender uma enormidade de debates sobre religião, sexo, dogmas da Igreja Católica, símbolos artísticos, esoterismo e a história do mundo ocidental. No centro da polêmica, está a tese de que uma menina nasceu da união entre Jesus e Maria Madalena. Porém, a Igreja teria procurado abafar esta verdade a fim de preservar o caráter divino de Jesus.

"Outras curiosidades no romance, como o Opus Dei, a busca do Santo Graal e símbolos ocultos nas obras-primas de Leonardo Da Vinci mexem com as emoções dos leitores", destaca Pedri.

Acusado de "deformar a realidade histórica sobre Cristo" ou de navegar sobre "o filão da teoria da conspiração", Brown destaca que a controvérsia e o diálogo são saudáveis para a religião.

Sucesso absoluto

O grande responsável pelo sucesso do livro no Brasil é Geraldo Jordão Pereira, um dos donos da editora Sextante. E os resultados não aparecem por acaso. Dos 30 livros mais vendidos no país, nove são da Sextante. A grande curiosidade que poucas pessoas tiveram acesso foi a maneira como a editora publicou o livro aqui no Brasil. "Quando soube da publicação, peguei o telefone e liguei para o editor americano", conta. Depois de conseguir os originais, ele disputou em leilão com outra editora brasileira e venceu a concorrência. Assim, ele comprou o título por apenas US$ 12 mil. Foi mais uma jogada de mestre do editor.

Outra grande revelação é o livro A Boa Sorte, dos escritores Alex Rovira Celma e Fernando Trias de Bes que já vendeu mais de 2 milhões de exemplares. "Meu pai dizia que a vida é feita de acasos, circunstâncias e contingências", diz Pereira. "Mas para obter bons resultados, nada melhor do que o trabalho sério", finaliza.