O pintor Paolo Ridolfi consegue algo raro para quem mora em Maringá, onde nasceu em 1962: ele se destaca na cena contemporânea, desenvolve seu trabalho na cidade do interior e reverbera nas principais metrópoles culturais brasileiras. É nesta condição que desembarca nesta terça-feira (8) em Curitiba com 25 telas produzidas entre 2008 e 2001 para uma individual da Galeria SIM, de Guilherme Simões de Assis, uma casa aberta ainda este ano com o propósito de oferecer ao curitibano janela para a produção contemporânea – na pintura, escultura, instalação, vídeo-instalação e outros formatos.
Ridolfi se encaixa como uma luva na proposta do novo espaço. Seus trabalhos estão na vanguarda da arte contemporânea e esbanjam frescor, cores e movimento. E não precisa ser jornalista que gosta de arte para dizer isto. Basta pegar o testemunho de Agnaldo Farias, crítico de arte e curador independente, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, que assinou curadorias das Bienais de São Paulo em três ocasiões, além de ser curador-chefe do MAM do Rio de Janeiro e diretor de exposições temporárias do MAC de São Paulo. O sujeito tem background e não gasta munição à toa:
“O requinte dessa peculiar investigação sobre os vários modos de se ativar uma superfície plana estende-se dos ‘azulejos’ às composições povoadas por linhas coloridas, curtas e ritmadas, organizadas em múltiplos matizes, numa singular mescla da optical arte com o pop. Com essas linhas o artista constrói vórtices, junta-as em pilhas, sempre obtendo irradicações de alta temperatura cromática, com uma desenvoltura que há muito não se vê na paleta dos nossos artistas, nem mesmo entre seus colegas de geração 80”, diz Agnaldo Farias.
Isso aí não é apenas um belo elogio, como também uma espécie de roteiro básico para entender o trabalho recente de Ridolfi. Claro que a definição de Farias pode parecer bonita, mas não ser muito compreensível ao leitor comum, embora o leitor especializado entenda perfeitamente. Mas isto não é problema.
A arte óptica levou a sensação de movimento para arte, criando ilusões de movimento, vibrações ou deformações. A pop arte, que faz o salto do modernismo para o pós-modernismo, fartava-se na exuberância das cores. Ao juntar as características das duas tendências, Ridolfi cria telas que produzem a ilusão de movimento fortemente colorido, algumas vezes como um caleidoscópio, outras como um chapéu mexicano visto do alto de uma roda gigante ou uma roda gigante vista da cadeira de um chapéu mexicano, às vezes como vitrais umedecidos de uma catedral, outras como uma torre de cubos desmoronando e assim por diante.
A este trabalho, Agnaldo Farias dá os nomes de “movimentação de superfície”, “porosidade das paredes”, “embaralhamento” e “distorções de módulos planares”. E poderia ter mais uma dezena de outros de nomes, mas todos levariam a um ponto comum: são recursos que proporcionam aos olhos a sensação de mobilidade. Em alguns momentos, como em Constelação, o resultado visual evoca colagens de Matisse dos anos derradeiros, quando sua obra ganhou um novo impulso. Já nos casos de Composição em Amarelo e Irradicações encontram-se sugestões de Victor Vasalery. E assim por diante.
Se o leitor ficou curioso, o melhor que ele pode fazer é conferir pessoalmente o trabalho de Paolo Ridolfi a partir de quarta-feira (9), até o próximo dia 6 de dezembro (terça a sexta-feira das 10h às 19h e sábado das 10 às 17h).
Serviço:
Abertura da exposição de Paolo Ridolfi.
Terça-feira (8), às 19 horas, na Galeria SIM.
Alameda Presidente Taunay, 130-A, Curitiba.