É um fenômeno. Em menos de dois meses, Tô Nem Aí, “música de trabalho” do álbum de estréia da gaúcha Luciana Karina dos Santos Lima, a Luka, desbancou os antes invencíveis Tribalistas nas listas das canções mais executadas nas rádios do País. E isso por um selo independente, a Green Songs Produções, de Alessandro Tausz. Mais uma “receita infalível” da nossa combalida indústria fonográfica, estertor da velha fórmula da canção-chiclete de 1 milhão de cópias?
Aparentemente sim. A diferença é que Tô Nem Aí e mais oito das dez faixas do CD levam a assinatura da cantora. Sim, ela compõe. E parece ter o dom de produzir aquele tipo de música que fica martelando na sua cabeça uma semana. Nem precisava tocar tanto no rádio. Luka, o disco, aponta em várias direções: dance, drum?n?bass, balada ao piano, rap e incursões pelo flamenco e música clássica. A voz muitas vezes lembra Shakira, em outras Adriana Calcanhotto ou Paula Toller.
Mesmo assim, a gauchinha de 24 anos formada em Letras e Literatura parece ter personalidade. Tinha uma banda de rock em Porto Alegre, cantava de Pretenders a Nirvana, aceitou vestir o figurino da estrela pop teen – por influência do produtor Alessandro Tausz, seu mentor -, mas afirma ter certa autonomia. “Embora o estilo seja diferente do que eu cantava, o disco é muito verdadeiro. As músicas são minhas, eu vou na TV e canto ao vivo, nos shows eu canto, danço, toco violão. Isso dá uma segurança, porque eu sei que ali tem a minha personalidade. E por enquanto as pessoas têm gostado muito”, completa.
Ainda que a presença nas rádios, os shows no País inteiro, os programas de televisão e um cachê médio na faixa dos 10 mil reais exerçam o seu natural fascínio, Luka também parece estar com os pés bem plantados no chão. “Estou superconsciente, sei que esse é o meu momento, e amanhã pode não ser. Não tenho medo de me tornar uma cantora de um único sucesso, afinal, tudo é muito imprevisível. Eu por exemplo nunca previ o sucesso…”. A propósito: Luciana Lima foi desprezada pelo Fama. Alguém ainda se lembra dos “vencedores” do programa?