Desde o retorno do Jesus and Mary Chain, em 2007, as guitarras altas voltaram a fazer barulho. Veteranos como o My Bloody Valentine e a brasileira Second Come se reuniram e bandas novas como Real Estate, Yuck e a paulistana Kid Foguete começam a receber o merecido reconhecimento. É curioso que, nesse cenário de resgate de guitarras com distorções, a Pin Ups, uma das precursoras do estilo no Brasil, anuncie seu show de despedida neste sábado, 14, em São Paulo.

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Cantando em inglês, eles abriram espaço para muitos artistas nacionais em uma época em que não cantar em português era quase um sacrilégio. Por esse motivo, o reconhecimento muitas vezes era maior lá fora. Dave Grohl e Kurt Cobain adoraram os vinis que ganharam de Alê Briganti, baixista e vocalista na segunda fase do grupo, quando o Nirvana passou por aqui para tocar no Hollywood Rock, em 1993. O hoje vocalista do Foo Fighters inclusive se lembrava de Gash, disco mais melódico da Pin Ups, quando o guitarrista Zé Antonio o encontrou anos depois durante a turnê de There’s Nothing Left to Lose na Inglaterra.

Entretanto, foi a amizade criada com o pessoal do Superchunk que eles mais celebram. A Pin Ups foi banda de abertura dos americanos por aqui e, sabendo que Zé Antonio gostava de Precision Auto, Jim Wilbur pediu que ele executasse a canção. Zé se recusou, mas, quando subiu ao palco, viu seu set list rasurado. Ao lado de Precision Auto, vinha um recado: “Não f… com a música senão eu te mato”.

Simplicidade

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O primeiro disco é um marco do rock nacional, mas Zé Antonio diz que a obra não foi muito algo premeditado. “Não foi totalmente pensado, era uma compilação de demos e o som saiu parecido com o que a gente ouvia na época”, explica.

PIN UPS

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Sesc Pompeia. Choperia.

Rua Clélia, 93, tel. 3871-7700.

Sáb. (14), às 21h30. Ingressos:

de R$ 9 a R$ 30.

Aliás, a simplicidade sempre foi marca. Em uma das formações, o guitarrista Peu acabou saindo por “tocar bem demais”. “O Peu fazia uns solos que não combinavam muito, ele era virtuoso e a gente fazia um som inspirado em Stooges, nos anos 1970 e no grunge com 3 ou 4 acordes. Com o tempo, foi natural que ele deixasse a banda, mas não teve briga”, diz Zé Antonio.

O show de despedida não terá o vocalista Luiz Gustavo, um dos responsáveis pela fase mais pesada dos paulistanos, mas o repertório vai passear por todos os cinco discos e o EP final Bruce Lee. A apresentação, que ocorre no Sesc Pompeia, também contará com participações especiais e surpresas.

Rodrigo Carneiro (vocalista do Mickey Junkies), o guitarrista Rodrigo Gozo (Killing Chainsaw) e Adriano Cintra (Cansei de Ser Sexy) fazem parte do espetáculo. A Pin Ups também prepara algumas músicas que não costumavam entrar em seus sets. Loneliness, uma versão de Visceration do Killing Cahinsaw, e a faixa que jamais foi executada ao vivo: Sonic Butterflies.

“Queríamos chamar pessoas que, de alguma forma, fizeram parte da banda, e essas três músicas deram trabalho para acertar no ensaio”, lembra Zé Antonio.

O guitarrista diz que os integrantes pretendem continuar tocando, mas com novos projetos. “É engraçado que, agora que a gente fala em acabar, aparecem vários convites, mas, a princípio, é realmente o último show. Eu mesmo gostaria de fazer algo diferente e tenho algumas músicas minhas que eu quero gravar com amigos. Mas quero ter uma outra banda porque meu nome é ruim demais, parece cantor romântico.” Esse é o sinal de que Zé Antonio ainda deve fazer muito barulho.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.