Num ano sem eleições ou Copa, Sadda, Bush e Lula foram as estrelas na área jornalística

2003 foi um daqueles anos sem eleições, sem Copa do Mundo nem Olimpíadas. Nesses 365 dias sem megaeventos jornalísticos, a briga entre George W. Bush e Sadda Hussein e as inúmeras viagens de Lula dominaram o noticiário. E, mesmo com pautas tão “indigestas”, a Globo mais uma vez mostrou que continua na frente quando é hora de dar notícia. Das oito categorias ligadas ao jornalismo televisivo do “Melhores & Piores 2003” de TV Press, a emissora foi indicada como melhor em sete.

É certo que os recursos tecnológicos e a fartura de correspondentes internacionais deixam os profissionais e os noticiários globais mais em evidência. Uma prova é em relação ao “Melhor Telejornal”, onde houve um triplo empate entre Jornal da Globo, Jornal Nacional e Bom Dia Brasil. Já na categoria “Programa Jornalístico”, o Fantástico saiu vencedor com 40%, seguido do Globo Repórter com 35%.

A única categoria “positiva” que não contemplou a Globo foi “Melhor Programa de Entrevistas”, onde João Gordo, com sua irreverência, garantiu de forma surpreendente o “título” para o Gordo a Go-Go, da MTV.

Telejornal

Melhor: Bom Dia Brasil, Jornal da Globo e Jornal Nacional

Trinca de reis

A categoria retrata bem a hegemonia da Globo no jornalismo televisivo. Três dos quatro telejornais nacionais da emissora foram os escolhidos pelos editores de suplementos de televisão que participam da votação, com 33% dos votos cada.

Pior: Jornal do SBT 1.ª Edição

Conteúdo zero

Sílvio Santos sempre demonstrou que não liga muito para o jornalismo. No ano passado, o Jornal do SBT vagando pela madrugada sob o comando do incrédulo Hermano Henning, era o único telejornal em rede. Antes tivesse ficado só nisso. Este ano, o investimento no jornalismo se resumiu ao Jornal do SBT 1.ª Edição sendo gravado e apresentado pela ex-Casa dos Artistas Cynthia Benini e Analice Nicolau. As robóticas apresentadoras ajudaram o noticiário a obter 50% dos votos e ainda foram as duas mais votadas como “Pior Apresentadora de Jornalismo”. Com isso, conseguiu “superar” até o fraco CNT Jornal, que levou 30%.

Programa Jornalístico

Melhor: Fantástico

Outros bichos

Parece que o “mundo animal” do Globo Repórter não vem surtindo mais efeito. O semanal, que já foi figurinha certa como “Melhor Programa Jornalístico”, mais uma vez ficou em segundo lugar. Só que desta vez foi desbancado pelo Fantástico. De qualquer forma, o dominical global venceu apertado: 40% a 35%. Talvez por uma “distorção profissional” de um eleitorado formado por jornalistas, também bem votado foi o vencedor de 2002, Observatório da Imprensa, da Rede Brasil, com 20%.

Pior: Melhor da Tarde e Cidade Alerta

Banalidade máxima

Foi-se o tempo em que apenas os programas sensacionalistas eram candidatos certos a “Pior Programa Jornalístico”. Se no ano passado o enfadonho TV Fama foi o “vencedor”, em 2003 coube ao Melhor da Tarde a função. Com os comentários dispensáveis de Leão Lobo, matérias frívolas e requentadas, a produção vespertina da Band obteve 45% dos votos. Mas como os noticiários sensacionalistas não podiam ficar de fora, o habitual mundo cão do Cidade Alerta, da Record, empatou.

Programa de Entrevistas

Melhor: Gordo a Go-Go

Questões de peso

A sinceridade por vezes excessiva de João Gordo fez a diferença este ano. O irreverente e nada convencional talk-show Gordo a Go-Go, que ele comanda na MTV, saiu vencedor com 35% dos votos. Sem firulas, o programa se destaca pelas perguntas enfáticas do roqueiro, que às vezes não fica sem troco. Em uma entrevista que não chegou a ser exibida, Dado Dolabella e João quase se engalfinharam. Bem mais sutil, Marília Gabriela provou que tem público fiel. O De Frente com Gabi, mesmo degredado ao início da madrugada de domingo pelo SBT, ficou pouco atrás, empatado com o Roda Viva, da Cultura, com 30%. E o veterano Sem Censura, da Rede Brasil, também foi citado por 5%.

Pior: Noite Afora

Apelação dispensável

O que esperar de um programa onde Monique Evans, sentada numa cama redonda, fala de sexo de forma grotesca no meio da madrugada? Só podia render ao programa da Rede TV! o tricampeonato como “Pior Programa de Entrevistas”, com 70%. Menos picantes e cada vez mais insossas, as entrevistas de Jô Soares também não agradam mais como antigamente. Ele ficou em segundo, com 25%.

Apresentador de Jornalismo

Melhor: Renato Machado

A cara do jornal

O jeito menos formal de dar notícia e o conhecimento dos fatos que comenta fizeram Renato Machado ser indicado pelo quarto ano consecutivo como “Melhor Apresentador de Jornalismo”, desta vez com 45%. Em estilo totalmente diferente, William Bonner, do Jornal Nacional, ficou em segundo com 30%.

Pior: Oscar Roberto de Godoy

De dar dó

Ninguém imaginava que haveria algo mais truculento e sensacionalista do que José Luiz Datena comandando o Cidade Alerta. Mas a Record encontrou Oscar Roberto de Godoy para o seu lugar, imprimindo um tom ainda mais alarmista. O ex-árbitro mostra indignação exacerbada com os crimes noticiados e dá recados aos berros às autoridades públicas. .

Programa Esportivo

Melhor: Esporte Espetacular

Suor de domingo

A diversificação e as matérias criativas conferiram à revista esportiva dominical da Globo o bicampeonato. Citado por 80% dos votantes, o programa se sobressai principalmente por não ficar centrado no futebol e falar de várias modalidades, desde atletismo e handebol até esportes radicais. Destaque também para a equipe de repórteres, sempre com matérias descontraídas e inteligentes. A descontração também foi fundamental para o Rock Gol, da MTV, ficar com o vice com 10% do votos. O terceiro lugar ficou com o diário Globo Esporte, que recebeu 5%.

Pior: Terceiro Tempo

Cartão vermelho

Juntar Milton Neves, Oscar Roberto de Godoy e Cacá Rosset em um programa é um teste de paciência. Comentários passionais e entrevistas repetitivas são a tônica do Terceiro Tempo, comandado pelo trio na Record. O Terceiro Tempo conseguiu a proeza de desbancar o chatíssimo Bem Forte, da CNT.

Apresentadora de Jornalismo

Melhor: Ana Paula Padrão

Disputa caseira

Assim como o colega Renato Machado, Ana Paula Padrão foi eleita pela quarta vez consecutiva, desta vez com 60% dos votos. Contundente, incisiva e, ainda por cima, bonitona, a jornalista provou que foi a escolha certa para a bancada do Jornal da Globo.

Pior: Cynthia Benini

Perdida na selva

Colocar Cynthia Benini comandando o principal telejornal da emissora definitivamente não foi uma escolha sensata. Cynthia caiu de pára-quedas no noticiário e foi apontada como “Pior Apresentadora de Jornalismo” com 80%. Robótica e pouco natural, ela não passa a mínima confiabilidade. Ainda mais tendo como companheira de bancada a modelo Analice Nicolau, que foi apontada como a segunda pior pelos 20% restantes.

Locutor Esportivo

Melhor: Cléber Machado

Tom equilibrado

Cléber Machado é a prova da evolução. Ninguém imaginava que aquele narrador inseguro do início de carreira se tornaria o segundo principal locutor da Globo. Neste ano, foi escolhido por 40% dos votos, graças ao jeito simples e simpático de narrar as partidas sem os destemperamentos do colega Galvão Bueno. Cléber ficou à frente do irreverente Paulo Bonfá, da MTV, com 25%, e de Maurício Torres, da Globo, com 10%.

Pior: Galvão Bueno e Luciano do Valle

Popularidade em baixa

Se o Brasil é penta, Galvão Bueno é hexa. O histriônico narrador da Globo foi escolhido pela sexta vez consecutiva, com 30%. Só que, desta vez, ele tem a companhia de Luciano do Valle. Galvão mantém o tom dramático exacerbado. Já Luciano parece ter se desacostumado com o futebol. Numa partida entre Botafogo e Palmeiras, fez no ar um discurso por não estar entendendo por que grupos de torcedores nas arquibancadas entoavam, em sua “homenagem”, corinhos com cabeludos palavrões.

Comentarista Esportivo

Melhor: Falcão

Classe gaúcha

Falcão virou craque nos gramados e está se tornando também na televisão. Assim como no ano passado, o ex-jogador foi eleito “Melhor Comentarista Esportivo”. Conhecedor das táticas e das características dos jogadores e dos treinadores, Falcão é simples e objetivo em suas análises e recebeu 70% dos votos. Em segundo ficou o polêmico Jorge Kajuru, que este ano foi para a Band comandar o Esporte Total e obteve 25%. Menos polêmico e mais irreverente que Kajuru, Marco Bianchi, da MTV, foi o preferido de 10%.

Pior: Oscar Roberto de Godoy

Palpite infeliz

Os comentaristas de arbitragem estão se tornando verdadeiras “malas”. Tanto que o bicampeão Arnaldo Cezar Coelho foi superado por Oscar Roberto de Godoy na categoria “Pior Comentarista Esportivo”. E Godoy fez por merecer. Não satisfeito em meter o malho em seus ex-colegas de profissão, ele ainda dá pitacos descabidos em táticas e jogadas nos programas e transmissões da Record. Foi o escolhido com 40%. O global Arnaldo, que pelo menos se restringe a avaliar os juízes, não foi esquecido por 25% dos votos. E o azedíssimo Sérgio Noronha, também da Globo, teve 10%.

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