Vai ser algo nunca visto nos cinemas brasileiros. Quem reclama que o mercado do País é formatado para exibir a produção de Hollywood vai ter motivos de sobra para reclamar. O novo filme da franquia Jogos Vorazes toma de assalto metade do circuito exibidor. A partir desta quarta-feira, 19, e antes dos EUA, serão mais de 1.300 salas exibindo Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1. No original, é Hunger Games: Mockinjay, O Tordo, como a personagem de Jennifer Lawrence é conhecida. Só mesmo em Hollywood. Anunciada para ser uma trilogia, a série adaptada dos livros de Suzanne Collins é, na verdade, uma tetralogia. Você vai ter de esperar um ano pela conclusão, no fim de 2015.

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Vamos começar de novo – seria tão mais fácil para efeitos de protesto (a denúncia da dominação do mercado por Hollywood) se Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1 fosse ruim, mas o diretor Francis Lawrence não cooperou. Fez o melhor filme da franquia. Jennifer Lawrence – Jen – nunca foi mais bela, talentosa nem intensa. E o filme ainda tem Julianne Moore como a presidente Alma Coin, que lidera a rebelião contra a Capital e o presidente Snow (Donald Sutherland), utilizando-se do estandarte representado por Kitness Everdeen. Como o ‘tordo’, mockinjay, ela encarna a resistência ao poder ditatorial.

Muita gente se pergunta como será para Jennifer (24 anos, um Oscar, que conquistou por O Lado Bom da Vida) sobreviver ao fenômeno Jogos Vorazes. Pois a série de livros, e os filmes depois, viraram fenômenos de massa. Tudo começou com um certo aprendiz de mágico, um tal de Harry Potter, que despertou em milhões e milhões de jovens, pelo mundo, o apetite pela leitura. Na vertente aberta pelo sucesso editorial, surgiu uma muitíssimo bem-sucedida série de filmes. Hollywood passou a sonhar com novos êxitos para a faixa de público infantojuvenil.

Deu certo com Jogos Vorazes. Num futuro distópico, num país chamado Panem, a metrópole tecnicamente avançada – a Capital – domina os distritos, que contribuem com suas riquezas para o poder central. Todo ano, a Capital realiza os jogos vorazes, em que competidores jovens disputam até a morte, para lembrar uma revolta que houve no passado. Kitness surge nos jogos, vira o tordo – um símbolo – e combate a ditadura. Nas pegadas de Jogos Vorazes/The Hunger Games surgiram Divergente, O Doador de Memórias, Maze Runner. Todos contam praticamente a mesma história, sobre como jovens adquirem consciência e combatem a opressão. É curioso como todos esses filmes têm sido descartados pela ‘crítica’, que nem se preocupa em analisar o que se constitui numa tendência (e um fenômeno).

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O mundo tem mudado nos últimos anos. Revoluções têm sido feitas – no mundo árabe, por exemplo – por jovens que se utilizam das ferramentas que a tecnologia digital oferece. A Capital sabe disso e transforma tudo em propaganda. No 1 e 2 de Jogos Vorazes havia um certo número de personagens secundários, interpretados por Philip Seymour Hoffman, Woody Harrelson, Elizabeth Banks, Stanley Tucci e Lenny Kravitz, que estavam ali para servir ao poder. Um cuidava da comunicação, outro da propaganda. Elizabeth cuidava do figurino – bem extravagante, por sinal. Nessa primeira da ‘trilogia’, Hoffman, Elizabeth e Harrelson vieram somar ao grupo que cerca a presidente Coin. Preste atenção numa frase que a estilista Elizabeth Banks solta, como quem não quer nada. Comentando o penteado de Julianne Moore, ela diz que não se deve confiar em ninguém que use aquele penteado. Parece divertido, mas quem leu a série de livros sabe que a deixa não está ali por acaso.

Existem cenas ótimas em Jogos Vorazes: A Esperança. Quando a máquina de propaganda tenta conseguir que Kitness/Jen grave palavras de ordem, incitando à rebelião, Gale/Liam Hemsworth (o irmão de Chris) observa que ela não rende tão bem dizendo um texto pré-escrito. A ação leva à improvisação, e ela é ótima. O namoradinho Peeta vira o vilão, Kitness segue dividida entre Gale e ele. A trama dá muitas reviravoltas. Termina em suspenso, com encontro marcado para daqui a um ano para resolver tudo.

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O renascimento de Julianne Moore

Pergunte a Fernando Meirelles, e ele vai dizer que Julianne Moore, a quem dirigiu em Ensaio Sobre a Cegueira, é uma grande, imensa atriz. Só que ela não andava numa boa fase da carreira. Este ano poderá ser o do seu renascimento.

Julianne já foi melhor atriz no Festival de Cannes por seu papel no novo David Cronenberg, Maps To the Stars. Dificilmente deixará de concorrer ao Oscar. O problema é que o papel em Maps é pequeno. Se a Academia não achar que ela é coadjuvante, Julianne poderá concorrer a melhor atriz pelo Cronenberg e a coadjuvante por Jogos Vorazes. É ótima. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.