Novo filme de Bianchi estréia Sexta

Até que ponto as organizações não governamentais (ONGs) cumprem com a proposta de amenizar as mazelas sociais? Estaria a sociedade atual revivendo a época da indústria escravocrata? A partir de questões polêmicas que geram discussões acerca do modo de vida social, e no encalço das semelhanças socioeconômicas que unem hoje ao século XVIII, Quanto vale ou é por quilo?, novo filme do cineasta Sérgio Bianchi, entra em cartaz na próxima sexta-feira.

O filme é construído por meio de duas linhas temporais: a relação entre a Casa Grande e Senzala, e a exclusão social requerendo a formação do 3.º Setor. O longa-metragem faz uma analogia entre o tráfico de escravos, abolido pela princesa Isabel, e a exploração da miséria por instituições sem fins lucrativos – o que denominaria uma ?solidariedade de fachada?, como o próprio diretor se refere à filantropia. Segundo ele, o filme é político e segue uma linha de raciocínio comparativa entre o comportamento social ao longo do tempo (século XVIII e hoje). Com um orçamento médio entre R$ 1 milhão e R$ 3 milhões, as cifras não foram divulgadas e trabalhando o roteiro em cima de contos, Pai contra mãe (Machado de Assis); Crônicas sobre a escravidão (Nireu Cavalcanti) e estatísticas, Bianchi traça um retrato da classe operária, média e alta.

Na trama, passada nos dias atuais, uma ONG implementa o projeto Informática na periferia em uma comunidade carente. Arminda, que está empenhada com o trabalho, descobre um superfaturamento nos equipamentos de informática, e passa a ser um alvo. Candinho, jovem que está desempregado e com a mulher grávida, precisa dar um jeito na vida quando surge a oportunidade de transformar-se em um matador de aluguel.

Misturando as duas épocas, com a encenação dos mesmos atores em situações análogas, Bianchi aponta dois desfechos para o filme. ?Não fiz o terceiro final porque seria inviável economicamente. Nele acabaria tudo bem, com o Brasil exportando a solução social para o resto do globo?, disse. Para o elenco foram escalados Hérson Capri, Caco Ciocler, Myriam Pires, Joana Fomm, com participações de Lázaro Ramos, Zezé Motta e Caio Blat, além de Odelair Rodrigues, em seu último papel, antes de falecer em julho de 2003.

Serviço: Quanto vale ou é por quilo? (2005) Drama – 35mm – Cor – 110 min. Estréia nacional dia 20 de maio.

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