Ao firmar-se como rapper gay, Rico Dalasam pode estar quebrando as barreiras do único gênero de música de massa no país que ainda não tem representantes assumidamente LGBT.
O rap, historicamente, tem em suas letras homens e mulheres representados em papéis bem definidos e não raramente estereotipados. O rap não é declaradamente homofóbico, mas muitas vezes usa em suas crônicas figuras e situações de uma realidade que resvala no machismo, nada mais do que um retrato cultural. Mulheres como Karol Conka e Flora Matos já haviam começado a mudar isso.
Nos Estados Unidos, a cena já está sedimentada e ganha cada vez mais respeito sob o nome de ‘queer rap’. Os rappers gays norte-americanos levantam bandeiras sexistas e raciais ao mesmo tempo, investem em superproduções de áudio e vídeo e se profissionalizam com rapidez.
Le1f tem 25 anos e é um líder. Ele não gosta de ser rotulado como “rapper gay” e já colheu boas críticas desde que lançou seu primeiro EP Hey, pelo selo Terrible Records. O site Stereogum o considera criador de um “momento histórico, um rap particular que causa muita empolgação”.
Um dos ídolos e inspiradores de Dalasam, Mikky Blanco lançou sua primeira mixtape em 2012, a Blanco Anjo Cosmic. Seu visual e sua performance têm influências de Lil’ Kim, GG Allin, Jean Cocteau, Kathleen Hanna, Lauryn Hill, Rihanna, Marilyn Manson e Anaïs Nin.
Outro ícone que desponta desde o início da década de 2010 é Zebra Katz, nome artístico de Ojay Morgan, que ficou conhecido desde que lançou o single Ima Read, em 2012, e ganhou elogios do jornal The Guardian. Sua concepção seguiu uma estratégia de lançá-lo como um personagem, “o lorde das trevas do mundo da moda”. E suas mixtapes Champagne (2012) e DRKLNG (2013) garantiram a posição de destaque e o início de uma agenda de shows que incluíram a abertura de uma turnê para Azealia Banks.
Cakes da Killa, outro que já está sedimentado na cena, lançou em junho deste ano uma nova mixtape depois de prometer sair do cenário em 2013.