Novo diretor da Cinemateca Brasileira, Lisandro Nogueira disse ontem, 4, que vai contratar ainda este mês 17 funcionários para a área administrativa da entidade. Sua nomeação foi anunciada há um mês, após período de crise que levou a Cinemateca a cortar 43% de sua equipe. “Repor pessoas não é desafio. É questão de tempo. E já começamos este processo. Na restauração e conservação, é imprescindível que haja funcionários administrativos. Para cuidar do tráfego de filmes, receber pessoas. Isso será imediato”, explicou, afirmando que seu principal desafio será “o de implantar uma política nacional de preservação”.
Nomeado oficialmente na sexta, 1º, Nogueira disse que os profissionais serão contratados por meio de convênio entre os ministérios da Cultura e do Trabalho. A notícia foi recebida com alívio por aqueles que temiam pelo funcionamento da entidade – em dezembro, com o vencimento dos contratos de profissionais pertencentes à Sociedade Amigos da Cinemateca, ela passaria a operar com apenas vinte funcionários.
Para Nogueira, só agora, após a nomeação, será possível “ter um quadro completo” do estado da entidade. “É complexo. A Cinemateca tem 27 mil m². E está funcionando. Há filmes sendo exibidos, a biblioteca funciona. O que acontece é que o ritual burocrático que rege instituições tem suas raízes no século 20, quando os procedimentos eram outros. Hoje o mundo está muito acelerado e a administração pública busca maneiras de acompanhar esse processo. E isso significa criar novos mecanismos. Vou seguir dialogando e fazendo convênios com entidades da sociedade civil e estatais.”
Nogueira, que já se mudou de Goiânia, onde era até então crítico de cinema e professor da Universidade Federal de Goiás, diz que pretende implantar uma política nacional de preservação, restauro, difusão e catalogação do acervo brasileiro. “Já existe um debate sobre a digitalização de nosso acervo. O digital não é garantia de memória.
Teremos de voltar à película, após o restauro digital. E aí vêm mais custos. Vou dar continuidade aos ótimos projetos que estão sendo desenvolvidos aqui, e ampliá-los. E pretendo fazer um grande debate sobre a digitalização”, anunciou. “Quero também agregar os cineastas ainda mais à Cinemateca. Há um amplo time de realizadores circulando por todo o País. Vamos implementar uma política que vai levantar que acervos são esses, fazer convênios. E dar continuidade a tudo que a Cinemateca é. Porque ela se relaciona com o Brasil por meio de ONGs, OSCIPS, estatais.”
Nogueira garantiu que o repasse de verbas do Ministério da Cultura vai continuar – a Sociedade Amigos da Cinemateca, com suas contas sob auditoria da Controladoria Geral da União, não pode mais fazer o repasse do dinheiro. “Vamos atrás de parcerias, Lei Rouanet, editais estaduais e municipais de cultura. Vou atrás de dinheiro onde houver dinheiro. E óbvio que os repasses do MinC vão continuar, como sempre aconteceu.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.