A Record ampliou sua linha de frente na briga pela audiência. A exemplo do investimento no núcleo de teledramaturgia, a emissora agora tem na alça de mira outros setores de sua grade de programação. A mais recente delas foi a mudança no perfil do Jornal da Record. Com a proposta de ser um telejornal mais ágil e com mais conteúdo, a emissora impôs uma edição mais dinâmica ao jornal, bem como reformulou os cenários e o projeto gráfico do programa.
No fundo, a emissora está repetindo a mesma estratégia que deu certo na novela Prova de Amor: faz uma cópia bem-feita do concorrente líder. Assim como a novela tem o jeitão de produção da Globo, o Jornal da Record ficou parecido com o Jornal Nacional. Agora, por exemplo, é um casal de apresentadores que divide a bancada. Um é Celso Freitas, que foi da Globo por muitos anos e há algum tempo comandava o Repórter Record e o Domingo Espetacular. A companheira dele é Adriana Araújo, ex-repórter da Globo recém-contratada.
A idéia geral é evitar o estranhamento do público, acostumado à estética global. E mesmo que as mudanças tenham sido detonadas pela intempestiva rescisão do contrato do antigo apresentador Bóris Casoy, as alterações no Jornal da Record visam consolidar os bons índices que a emissora vem conseguindo no horário entre 20h40 e 21h15, aproximadamente. Isso porque, graças ao verdadeiro ?tiroteio? que se tornou a disputa pela audiência entre Prova de Amor, da Record, e Bang Bang, da Globo, o JR agora entra no ar em meio à exibição do Jornal Nacional. E, certamente, a idéia da Record é aprofundar a estratégia que vem dando certo e tentar manter com o telejornal ao menos uma parte da audiência conquistada com a novela. Mesmo que não admita esta correlação entre uma atração e outra apesar de ?emendar? implacavelmente o encerramento do capítulo da novela com a abertura do jornal , a direção da Record comemora os índices iniciais da nova fase do JR.
Em sua estréia, por exemplo, o telejornal teve média de 13 pontos, com 24 de pico, o que lhe garantiu um ótimo segundo lugar, com a Globo tendo média de 41 pontos no horário. Para efeito de comparação, quando apresentado por Bóris Casoy o telejornal tinha médias entre quatro e seis pontos e, em janeiro, com apresentação interina de Heleine Heringer, chegou aos sete pontos.
Números à parte, no que diz respeito à sua forma de apresentação, o novo Jornal da Record acena com um formato moderno, que inclui matérias investigativas e uma qualidade na edição que pretende fisgar o telespectador que porventura esteja ?zapeando? no horário. Quanto à edição de imagens, de fato o novo JR em nada lembra o ritmo lento do antigo jornal apresentado por Bóris Casoy. O corte mais ágil é facilitado pela presença de dois apresentadores em vez de um e, mesmo a edição das reportagens acompanha o ritmo mais ?picotado? da apresentação.
Para ampliar a capacidade de cobertura internacional, a partir de agora o jornal passa a contar com correspondentes em Tóquio e Jerusalém, além de jornalistas em Nova Iorque e Londres, que já atuavam anteriormente. As mudanças no Jornal da Record atingiram também o seu projeto visual. Para reestilizar o telejornal, a Record providenciou novos projetos gráficos e cenográficos. Nada revolucionário. Segue a velha norma do simples e eficiente, ao exibir como fundo a própria redação do jornal que sofreu uma reforma-relâmpago para ficar mais apresentável.
O recurso é o mesmo utilizado pelo Jornal Nacional, mas deve-se reconhecer que não foi também o JN quem inaugurou este estilo, nem mesmo no Brasil, esse mérito é da extinta TV Manchete. Da mesma forma, a nova dupla de apresentadores funciona bem no vídeo e, num primeiro momento, mostra um bom entrosamento. Por esse aspecto, enquanto Celso Freitas transmite segurança e credibilidade, a repórter Adriana Araújo mostra competência apesar de se mostrar um pouco insegura e ter uma voz ?pequena? para a função. De uma maneira geral, o novo Jornal da Record adapta-se aos novos tempos em que o ritmo de um programa é tão ou mais importante que seu conteúdo, mas não tem a intenção de revolucionar nada. A não ser a distribuição da audiência entre as emissoras.
