Nos próximos oito meses, os fãs e aficionados pela fogosa Deborah Secco terão de se contentar apenas com o seu rostinho angelical. Isso porque as cobiçadas curvas da atriz carioca permanecerão ?trancafiadas? em um nada sensual hábito. Na pele da freira Elisabeth, a moça de 27 anos – completos no último domingo – é uma das protagonistas de Pé na Jaca e vai viver uma vilã na trama de Carlos Lombardi. Esta é a décima segunda novela de Deborah Secco na carreira, em 16 anos de tevê. A atriz é uma das estrelas mais jovens do atual casting global.
Mas mesmo com a boa experiência, ela sabe que não será fácil viver a vilã Elisabeth.
Acostumada a interpretar moças fogosas e expressivas, Deborah terá de convencer na pele de uma recatada freira, que tem planos maquiavélicos. Isso em uma trama repleta de comédia – gênero que a atriz considera um dos mais difíceis na sua profissão. ?O ator tem de manter o tom do humor o tempo inteiro. É difícil dar credibilidade a um personagem?, observa.
Na trama das sete da Globo, Elisabeth tem uma vida tranqüila, é doce e bondosa. Decidida a ser freira, estuda em um convento, mesmo contra a vontade da mãe Laura – a costureira vivida por Betty Faria. De acordo com a atriz, a transformação da sua personagem – de boa para má – deve acontecer por volta do capítulo 30. ?O mais bacana é que ela não começa com uma personalidade formada. Mas acho que o público vai compreender a Elisabeth no decorrer da novela?, torce.
Filha bastarda de Último Botelho, milionário vivido por Fúlvio Stefanini, a freira sente-se magoada por não ter sido reconhecida pelo pai. Interesseiro, o ricaço sofre de rara doença e precisa desesperadamente de um transplante para sobreviver. Por isso, se aproxima da filha e apresenta a moça a um mundo de riqueza que ela jamais sonhou conhecer. Mas os dias de bonança duram até Último conseguir o que queria. Aí, ele passa a desprezar novamente a filha, cujo ódio corrompe o sagrado coração da freirinha. ?Todo mundo que se torna mau passou por alguma situação que o levou para esse caminho?, acredita.
Com uma personagem de personalidade indefinida, a atriz sabe que terá de convencer quando for boa e ser igualmente verossímil quando fizer suas atrocidades. Mas independentemente disso, Deborah está feliz com a oportunidade de viver uma vilã. Depois de interpretar duas mocinhas seguidas, nada melhor que uma personagem bem malvada para quebrar a seqüência. ?O bom dessa profissão é mudar a cada novo papel. Acho que vim alternando muito bem minhas personagens. Em relação a isso, posso dizer que sou uma sortuda!?, comemora.
O papel marca o retorno de Deborah ao horário das 19h, após atuar em duas novelas das oito da Globo – Celebridade, em 2004, e América, em 2005. Mas longe de ser um prêmio, esta é a chance da atriz se redimir do último trabalho. Na trama de Glória Perez, sua personagem, a Sol, não conseguiu empolgar o público ao lado de Tião, de Murilo Benício, e terminou a novela com Eddie, papel de Caco Ciocler. Foi a primeira vez em novelas da Globo que um casal protagonista não terminou a trama junto. ?Existem momentos e personagens incríveis e outros não tão fantásticos. Mas sei que sou nova, que já fiz trabalhos bacanas e que faço o melhor que posso?, avalia.
Hora de voar
O primeiro trabalho de sucesso de Deborah Secco na tevê foi Confissões de adolescente, série baseada na peça homônima de Maria Mariana que a TV Cultura colocou no ar em 22 de agosto de 1994. Na época, a atriz tinha apenas 14 anos e se destacou como a esperta Carol. Hoje, aos 27, Deborah sente que chegou o momento de alçar vôos mais altos. Com poucos trabalhos no cinema e no teatro, a carioca quer ampliar seu campo de trabalho e começar a produzir espetáculos por conta própria. Mas tudo sem deixar de fazer tevê. ?A partir de um determinado momento da carreira, alguns atores passam a escolher mais seus papéis. É um caminho natural e um dos próximos passos que desejo para mim?, planeja.
Para tanto, a atriz procura estudar todos os dias, ler peças e assistir a filmes, sempre atenta às oportunidades que surgem. Foi assim, por exemplo, que surgiu seu primeiro papel no cinema: a descolada índia Moema, de Caramuru -A Invenção do Brasil. O filme nasceu da minissérie A Invenção do Brasil, de Guel Arraes e Jorge Furtado, exibida na Globo em 2000 – quando Deborah interpretou a mesma índia que encarnou no filme. Este, inclusive, foi o melhor trabalho da carreira para a atriz. ?Tive mais exercícios de grupo, de figurino, cenógrafo… Além disso, os atores trocavam muitas idéias. Foi uma escola importante?, recorda.