O pano de fundo não é mais o Rio de Janeiro. Quase tudo acontece às margens do Rio Araguaia. Em vez do traje social, as mulheres andam à vontade. O elenco é enxuto. No lugar de 60 pessoas, só 40 nas gravações. Entre elas, figurões como Edson Celulari e Lima Duarte. No lugar dos carros de luxo e ruas asfaltadas, entram cavalos e carroças. As diferenças entre “Araguaia”, novela que estreia hoje às 18h na Globo, e “Escrito nas Estrelas”, que terminou na sexta-feira (com reprise no sábado), são pontuais. Mas o misticismo não se despede da programação da emissora. Sai o espiritismo da autora Elisabeth Jhin e entram os índios da tribo karuê de Walther Negrão.

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A história de “Araguaia” começa numa cavalhada em Pirenópolis, com a chegada de Solano, personagem de Murilo Rosa. Segundo Negrão, um homem “marcado para morrer”. No auge da Revolução Farroupilha, Antonia (Alice Motta) larga sua terra gaúcha e se apaixona pelo índio Apoena (Diogo Oliveira),com quem se muda para Goiás. Mas o cenário não é de amor. Apoena é casado. Antonia, o filho que carrega na barriga e todos os homens das próximas gerações são amaldiçoados pela tribo karuê e condenados a morrer nas margens do Rio Araguaia.

Pai de Solano, o fazendeiro Fernando (Edson Celulari) é uma das vítimas da maldição. Apesar da curta participação (de uma semana) no folhetim, Celulari aproveitou a viagem com o elenco para Goiás. No total, 100 profissionais embarcaram no final de junho. Em Pirenópolis, Cleo Pires assumiu o posto de guia turístico e levou Celulari, Murilo Rosa e outros amigos para degustar delícias locais. “Ela sabia tudo, tudo. A temperatura do melhor pastel, da pamonha. Nossa! Aliás, comi muita pamonha. Mas não engordei. Não sou do tipo glutão”, conta Celulari, que vive o marido de Cleo no folhetim.

A convivência com o elenco deixou Cleo mais confiante para estrear como protagonista. “O Edson é um querido, me dava força na gravação. Não queria que ele morresse”. Para dar naturalidade à personagem Estela, última descendente da tribo karuê, Cleo diz que emprestou sua personalidade. “Tenho atitude, sou o tipo da mulher que batalha. E ela é assim”.

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O autor Walther Negrão está realizando um sonho com esta produção. “Sou apaixonado pelo Araguaia. Aquela região faz parte da minha história. Quase participei da Guerrilha (do Araguaia), em 1962. Só não fui porque me casei”, diz. “Contar uma história com esse lugar como cenário era uma coisa que eu tinha de fazer”.

O diretor Marcos Schechtman tratou de dar suporte a esse sonho. Em Goiás, providenciou 20 malas de figurino e 300 figurantes montados a cavalo. Para a cidade cenográfica no Rio, levou 500 girassóis reais, e promoveu treinos de malabarismo e rapel para o elenco. Para a Globo, Araguaia terá um custo de R$ 450 mil por capítulo – valor semelhante ao das demais produções da casa, embora esta seja a primeira novela das 6 transmitida em HD (alta resolução). As informações são do Jornal da Tarde.

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