Novatos de Malhação estudam técnicas de interpretação

Dentro da Globo, Malhação é vista como formadora de elenco para outras produções da emissora. Mas para garantir que as jovens “promessas” superem suas dificuldades e consigam aprender a trabalhar na tevê, a empresa coloca os novatos para “ralarem”. Tanto que, além da rotina intensa de gravações, aulas sobre a história do teatro e seus dramaturgos e técnicas de interpretação ocupam as manhãs de quarta e quinta e acabam com a possibilidade de folga.

Sob o olhar atento da atriz e professora Andréa Cavalcanti, o grupo esquece o sono e, além de debater os assuntos teóricos, treinam improvisações e encenam os textos selecionados pela instrutora de interpretação. “Não existe uma obrigação, até porque alguns têm aula na escola ou faculdade nesse horário. Mas eles percebem a própria evolução no ar a partir dos nossos encontros”, explica Andréa.

As aulas começam no início da manhã, às 9 horas, e só terminam depois do meio-dia. Além da disciplina Interpretação, o elenco também “cursa” Voz e Expressão Corporal, com a fonoaudióloga Leila Mendes e a preparadora Ana Kfoury. “Antes só fazíamos exercícios, mas surgiu essa idéia e eu achei ótimo. Nunca é demais rever isso e alguns nunca estudaram essas técnicas antes daqui”, opina Nathalia Dill, que vive a invejosa Débora na novelinha e está se formando em Direção Teatral na Universidade Federal do Rio de Janeiro.

A idéia, segundo Andréa, já é antiga. Mas nesta temporada foi levada ainda mais a sério pela equipe inteira. “As outras turmas não tiveram uma preparação tão intensa. E isso também aconteceu em função do próprio interesse e da dedicação dos alunos de hoje”, elogia Andréa, demonstrando que os bons índices de audiência de 2008 têm motivo. O folhetim adolescente consegue médias acima dos 25 pontos, algumas vezes chegando a 28.

As meninas, sem dúvida, são as que mais participam. Sophie Charlotte, Carolinie Figueiredo, Nathalia Dill, Mariah Rocha e Sophia Abrahão mostram que fazem a “lição de casa” direitinho com questionamentos sobre os temas e vários comentários relacionados com as aulas. “Somos mais extrovertidas”, defende Carolinie, que ao lado de Nathalia usa sua base teatral para interagir nas reuniões.

Já Sophie, protagonista da temporada, não estudou tanto quanto as amigas, mas isso se torna imperceptível nas aulas. Ainda mais quando o assunto é Bertolt Brecht, famoso poeta e dramaturgo alemão. “Nasci na Alemanha e ouvi muitas histórias do período das guerras que são retratadas em textos dele”, explica ela, enquanto decora um texto para uma encenação.

Além de auxiliarem na preparação dos novatos, as aulas mudaram a forma de muitos pensarem sobre o trabalho na tevê. Rael Barja, por exemplo, estava completamente focado no teatro quando venceu um concurso no Caldeirão do Huck e foi escalado para Malhação. E, antes de participar dos encontros, nutriu certo preconceito em relação ao trabalho na novelinha.

“Aprendi aqui coisas que nunca tinha percebido em três anos de estudo”, valoriza o intérprete do hilário Caju, um dos mais elogiados pela professora. Por isso mesmo, é difícil alguém faltar sem um motivo muito bom. “A gente vem com sono, mas não perde a aula. Não tem essa de uma disciplina ser mais importante que a outra. Todas elas são usadas no estúdio”, acrescenta Mariah Rocha.

Malhação – Globo – Segunda a sexta-feira, às 17h30.