No rol de galerias que abrem suas portas no circuito paulistano ou que estreiam na SP-Arte, os Jardins se consolidam como o bairro preferido para tais espaços. O aspecto comercial é importante, mas às vezes o formato é a ponta de um projeto que inclui institutos, ações socioeducativas e programas de residências. E todas veem na principal feira paulistana uma vitrina indiscutível, que propicia intercâmbios e transações que se estendem pelo ano inteiro.
“Para uma galeria pequena, a SP-Arte é um investimento alto. Vivemos num misto de ansiedade e otimismo”, conta o designer Marcelo Pallotta, 51 anos, que lidera a Mapa desde novembro de 2016 e quer se especializar em “nomes que deveriam ter mais reconhecimento”. Com sede na Consolação, aposta no abstrato Loio-Pérsio (1927-2004), exposto na seção Repertório, um recorte de nomes mais históricos dentro da feira. “Acho que surpreenderemos com telas grandes do artista, que ainda não têm uma valorização à altura.”
Mais experientes no mercado são a Sim e a Simões de Assis, ambas de Curitiba, agora também com uma sede nos Jardins, encravada entre as ruas Bela Cintra, Haddock Lobo e Oscar Freire, onde há um significativo mercado de luxo.
“Demorou um ano para encontramos o local e era fundamental que estivéssemos no meio do circuito, perto de grandes galerias”, conta Guilherme Simões de Assis, 30 anos. A Simões de Assis tem um elenco de medalhões. Já a Sim atua com um time contemporâneo – atualmente com uma individual de Julia Kater, artista paulistana nascida na França que tem no fotográfico o principal vetor de produção.
Estreante na SP-Arte, mas ativa desde outubro de 2016, a atriz Janaina Torres, 45 anos, investiu num pequeno espaço no Jardim Paulistano e criou um elenco “afetivo”. “Tenho de criar afinidades com o artista. É uma relação de parceria, sou de ir e vir para o ateliê deles”, explica ela. No grupo de representados está o carioca Daniel Jablonski, que concorre ao prêmio de residência oferecido pela feira paulistana e pela Delfina Foundation, de Londres. Em cartaz na galeria, são exibidos pinturas e desenhos de Renata Pellegrini.
A nova fase da Emmathomas também se desenha numa das ruas dos Jardins, a alameda Franca. O novo proprietário é o empresário e artista Marcos Amaro, 33 anos, filho de Rolim Amaro (1942-2001), da TAM. O curador e crítico Ricardo Resende, 56 anos, assina a direção artística do empreendimento, cuja marca foi comprada de Juliana Freire, que, mesmo em pequena escala, conseguiu oxigenar o circuito paulistano de arte contemporânea.
“A galeria é uma parte do programa estabelecido pelo Marcos. Em ações simultâneas, há a fundação, onde residentes como Edith Derdyk e Rodrigo Sassi desenvolverão trabalhos específicos para o local. Existe também um programa de esculturas temporárias em Mairinque, numa área de preservação permanente”, relata Resende (ex-CCSP e Funarte). A nova sede da galeria, inaugurada na última terça (10/4), recebe uma exposição coletiva assinada por Resende que reúne desde obras de artistas que haviam sido escolhidos por Juliana – Alan Fontes e Paula Klien – e os incorporados pela nova direção – Gilberto Salvador e Kimi Nii, entre outros.
Exceção no mapa dos novos estabelecimentos é a Adelina, que foi instalada por Fabio Luchetti, 52 anos, em Perdizes, bairro de alto padrão. “Uma região com o terceiro maior PIB da cidade e quase sem equipamentos culturais”, diz ele, CEO da Porto Seguro. “Minha ideia é que a Adelina funcione como um centro cultural, com atividades educativas para estudantes, terceira idade e público não especializado.” Para ajudar nisso, há o instituto, que funciona em frente à galeria e abrirá edital para residências curtas.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.