Uma nova e revista edição de A Erva do Diabo, de Carlos Castaneda (ou Castañeda), em comemoração ao 30.º aniversário da edição norte-americana da obra, está sendo lançada pela Editora Nova Era (320 páginas), incluindo apresentação escrita pelo autor e renovado projeto gráfico.

Publicado no Brasil em 1974, o livro já era cultuado nos Estados Unidos, numa época em que a busca pela liberdade, pela espiritualidade e pelo prazer impulsionavam a juventude. Carlos Castaneda surgiu apresentando ao mundo uma nova realidade, um sistema de cognição livre da consciência objetiva, do pensamento preestabelecido.

A Erva do Diabo é a história dos cinco anos que Carlos Castaneda passou ao lado do índio yaqui dom Juan, em Sonora, no México. Estudante de Antropologia da Universidade da Califórnia, Castaneda buscava informações para uma pesquisa de campo sobre ervas psicotrópicas utilizadas pelos antigos xamãs quando travou seu primeiro contato com o velho feiticeiro.

Segundo o próprio Castaneda afirma, “mergulhei no meu trabalho de campo tão profundamente que tenho a certeza de que no final desapontei as próprias pessoas que estavam me apoiando. Acabei num campo que não era um assunto de antropologia ou sociologia, ou filosofia ou religião”.

A estranha jornada espiritual narrada por Castaneda apresentou ao mundo um processo de percepção amplo e infinito, onde informações são apreendidas num sistema cognitivo que está além das sintaxes da civilização, além da memória, da experiência ou de qualquer conhecimento prévio – a realidade “extra-sensorial” -, estimulado através dos usos do peyote e outras plantas alucinógenas em rituais sagrados dos xamãs.

Plagiado por falsos gurus, tema de estudo e ícone de gerações de seguidores, Castaneda abriu as portas para uma visão completamente real de um mundo de sonhos, mas viveu recluso. Em suas memórias, Fellini conta que procurou o escritor nos EUA, interessado em levar sua história para as telas. Mas ele faltou ao encontro com o cineasta. Castaneda passou grande parte de sua vida incógnito, longe de publicidade e jornalistas. Sua morte, causada por câncer hepático, foi anunciada de forma reticente e misteriosa em 1998.

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