Apesar da importância histórica, o Ballet Stagium, ainda hoje, não tem a sobrevivência garantida. Em 2016, uma grande campanha foi realizada para que a companhia não fosse extinta. Com dívidas e sem nenhum tipo de subsídio continuado, o Stagium quase fechou as portas. “Naquele momento, a campanha ajudou muito, mas é isso, não resolveu a continuação, o dia a dia. A gente continuou sem patrocínio”, conta Marika Gidali, de 82 anos.
Os altos e baixos são contínuos, no cotidiano do grupo. “É um ciclo. Quando parece que a gente está se recuperando, parece um novo problema. Não consigo manter o dia a dia da cia. Essa forma de trabalhar é diferente da de vários grupos que concorrem em editais, nós estamos o tempo inteiro em atividade. Não é uma reunião em torno do processo de um espetáculo. Inclusive, quando não tem edital, e não tem dinheiro, estamos aqui trabalhando”, explica ainda a diretora artística.
Um dos grandes parceiros do grupo é o Sesc. “A gente ainda não sabe como, mas já tem o aval deles. É um porto seguro. O Sesc tem um respeito enorme pelo Stagium e é um lugar no qual a gente não precisa ficar de novo se apresentando, contando a história do grupo, a minha, a do Décio. Eles reconhecem a importância do Ballet Stagium”, explica ainda Marika.
Além do trabalho artístico, o Stagium mantém a escola e um projeto social, o Joaninha, que começou com 70 crianças entre 7 e 16 anos que estudavam em escolas públicas da periferia de São Paulo. Criado em 2000, a ideia do Joaninha é construir uma formação em dança pautada em princípios de cidadania. O projeto, que é desenvolvido na escola do Stagium, também não conta com financiamento.
“A gente chega a quase 50 anos de trabalho sem uma subvenção oficial. Cada dia em que a gente levanta, sei lá, parece que é o primeiro dia. A gente sempre se pergunta: será que dá para continuar? Mas sempre que eu fraquejo, ela me levanta, e vice-versa”, conta Décio Otero, 88 anos, coreógrafo, sobre o compromisso com a resiliência; e Marika complementa: “A gente olha os corredores do Stagium e a nossa vida inteira está ali. Não consigo explicar o motivo de continuar, mas tem uma hora que a gente perde o direito de parar, porque o que está ali não é mais só nosso. Não se pode parar. Vamos fazer tudo o que precisa ser feito até o fim”.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.