Nos EUA, musical mostra Beatles na boemia alemã

Em um dos melhores momentos de Backbeat, um musical sobre os primórdios dos Beatles, em cartaz em Los Angeles, John Lennon tateia a melodia de Twist and Shout, procurando a melhor roupagem para a canção. Paul McCartney entra em cena e palpita que o acompanhamento está muito lento. Faz uma piada sobre o viés latino da composição, e aos poucos os dois transformam “shake it up baby” no refrão que conhecemos. É uma esperta introdução para o dueto que sucede, e uma das várias reconstituições da dinâmica da banda na época em que lapidavam talento em sets de seis horas, nos cabarés de Hamburgo, antes de dominarem o mundo.

O roteiro de Backbeat é uma adaptação do filme de mesmo nome, de Steven Jeffreys, lançado em 1994. A história se passa durante os dois anos em que o grupo esteve na Alemanha e tem como personagens músicos como Pete Best e Stuart Sutcliffe, que integraram a banda no período de formação, mas tornaram-se rodapés na história da banda. Como no filme, os garotos de Liverpool são caracterizados como fanfarrões brilhantes e anfetaminados, dedicados tanto ao rock n’ roll quanto à vida boemia da zona alemã. Arranjam brigas, se esquivam de cadeiradas, tocam pesado e não ignoram os serviços sexuais inclusos no métier.

Mas se a direção mais óbvia a ser tomada por um musical sobre a banda mais famosa de todos os tempos seria a reconstituição de hits, Backbeat surpreende e mantém-se fiel aos fatos. O que ouvimos entre os dramas que impulsionam a narrativa é o rock primitivo de Chuck Berry e outros, que influenciavam a banda na época.

É uma deixa para inserir clássicos como Johnny B. Goode, de Berry, ou Good Golly Miss Molly, de Little Richard, e usar a explosividade de tais riffs para ilustrar a rebeldia turbinada, de jeans e jaqueta de couro, que os Beatles traziam ao repertório. A trilha sonora do filme de Jeffreys exemplifica a proposta: músicos alternativos, como Dave Grohl e Thurston Moore, reconstruíram o som do Beatles, almejando uma cara pré-punk à abordagem musical do grupo. Essa agressividade rock n’ roll é feita ao vivo pelos atores Andrew Knott (John), Daniel Healy (Paul), Daniel Westwick (George), e Oliver Bennett (Pete Best, pois Ringo entra para a banda apenas no fim do segundo ato), uma combinação de história e trilha, quase um show, vista em outros musicais famosos da atualidade, como Fela! e Once (Apenas uma Vez).

Outra curiosidade de Backbeat é a centralização de Stuart Sutcliffe na história. Ele foi o primeiro baixista dos Beatles, mas deixou a banda para seguir carreira de artista plástico antes de o grupo alcançar a fama.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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