Estabelecido há muitos anos em Roterdã, na Holanda, e um dos festivais mais conceituados da Europa, o North Sea Jazz Festival foi realizado pela primeira vez em Curaçao, no Caribe. No último fim de semana, o evento na ilha de colonização holandesa recebeu 17 mil pessoas (10 mil na sexta e 7 mil no sábado), em sua maioria turistas, deixando algumas lições a serem aprendidas para as próximas edições, já que Curaçao receberá o festival pelos próximos dois anos, com possibilidade de renovar contrato para mais duas temporadas.
Levando-se em conta que esta foi a primeira vez que a ilha do ABC caribenho (Aruba, Bonaire e Curaçao) sediou um festival de nome tão importante, a balança aponta mais acertos do que erros na contagem final. Entre os destaques, a organização do festival e a estrutura dos três palcos, com equalização de som muito bem feita. Em relação aos pontos negativos, primeiro deve-se ressaltar o alto preço dos ingressos (US$ 165 para uma noite ou US$ 300 para duas), que fez com que o festival fosse invadido basicamente por turistas e não pelos residentes da ilha.
Outro problema do evento foi o line up de artistas, também feito para agradar os ouvidos dos turistas. Em vez de ocupar os palcos com atrações locais ou latinas, a organização, para evitar prejuízos, errou feio ao escalar alguns nomes que pouco ou quase nada têm a ver com um festival que carrega em seu nome o gênero jazz. Mas o destaque do evento foi a apresentação do excêntrico trompetista americano Roy Hargrove e seu quinteto, com nova vinda ao Brasil confirmada para o ano que vem, no Bourbon Street. Assim como Hargrove, quem também deu uma aula de jazz – apesar do atraso e das restrições tacanhas para que o público não tirasse fotos durante seu show -, foi a cantora americana Natalie Cole.
Na linha da quentura latina, quem também brilhou foi o pianista dominicano Michel Camilo com seu trio, os velhinhos cubanos do Sierra Maestra, as gratas surpresas curaçolenses, como o pianista Randal Corsen e a big band Tumbao, com os locais Igort Rivas Comas e Arnell Salsbach, o baixista e cantor camaronês Richard Bona, também confirmado para o ano que vem no festival de jazz de Paraty, e a única atração brasileira no evento, Sérgio Mendes. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.