Abrigar artistas tão diferentes dela e conviver diariamente em seu estúdio-galeria com distintas personalidades é um exercício desafiador para a alemã Ellen Slegers, fundadora da Estemp, uma experiência que ela classifica de “forte e por vezes ambivalente, pois temos diferentes hábitos, pontos de vista e costumes”. Entretanto, a arte, lembra Ellen, vive justamente da convivência entre diferentes, de um olhar “estrangeiro” que busca o outro, mesmo com o receio de ser reprimido ou rejeitado, observa a artista. Não por coincidência, ela é autora de uma série dedicada à releitura de clássicos da pintura que causaram escândalo em outras épocas.

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De fato, entre os três artistas que expõem na primeira exposição coletiva da Estemp, há poucos pontos de contato. Hannes Norberg é um herdeiro da arte povera. Trabalha com materiais baratos para construir obras arquitetônicas que só existem no registro fotográfico. Além delas, Norberg manipula a tipografia de jornais e mangás japoneses, forjando paisagens originais como a da foto acima.

Já o artista Juergen Staack parte de uma imagem real – seja uma paisagem ou uma construção – para apagá-la da memória, literalmente, uma vez que encobre as polaroides com rabiscos. Tal imagem sobrevive na descrição feita por meio de audiofones, mas inacessível a quem não domina a língua estrangeira dos intérpretes dessa paisagem.

Finalmente, Thyra Schmidt incorpora textos às imagens, mas suas mensagens cifradas dificultam o entendimento imediato, embora não afastem o espectador (que vê imagens de ruas e banners enquanto Thyra reflete sobre o amor). Em seus vídeos predomina a mesma e insólita assincronia.

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NEBLINA NO OUTRO LADO DA RUA – Estemp. Rua Pedroso de Moraes, 1.234. De 4ª a 6ª, das 14 h às 19 h; sáb., das 11 h às 16 h. Até 30/7.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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