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Nolan faz da catástrofe militar de Dunquerque uma epopeia digna de Ford

Dunkirk – a distribuidora Warner preferiu manter a grafia (e o título) em inglês. Em português, é Dunquerque. Como e por que, no competitivo mundo atual, que só se interessa por histórias de vitoriosos, contar a história de uma derrota? Como torná-la inspiradora? Na orelha do livro de Joshua Levine – Dunkirk – A História Real por Trás do Filme – está escrito. “Os eventos reais da retirada de Dunkirk, durante a 2.ª

Guerra Mundial, impressionam até hoje. Sob intenso bombardeio, mais de 300 mil soldados das forças aliadas da Grã-Bretanha e da França foram evacuados da cidade francesa de Dunquerque para Dover, na Inglaterra. Foi uma corrida contra o tempo, após uma emboscada do Exército alemão, avançou rapidamente pela França e deixou as tropas aliadas sem outra alternativa que não a fuga imediata.”

O cinema prefere as histórias de vitórias, que permitem celebrar o heroísmo. Difícil é buscar, na derrota, uma forma de celebrar o engenho humano. John Ford – a grandeza dos derrotados. O livro de Levine arma o teatro de operações e conta as histórias dos envolvidos. Levanta ‘cases’, histórias individuais que ajudam a construir o todo.

A retirada de Dunquerque ganha agora uma nova perspectiva, um novo olhar, e é o de Christopher Nolan, o autor da trilogia do Cavaleiro das Trevas e também de A Origem e Interestelar. Um capítulo inteiro do livro editado no Brasil pela HarperCollins, o de número 11, é dedicado ao filme. Uma nova Dunkirk. Emma Thomas é a mulher e produtora de Nolan. Ela já lhe trouxe muitas ideias, mas na maiorias das vezes, embora intrigado, ele não vê como transformar esses possíveis projetos em filmes. No caso de Dunkirk, Nolan mordeu a isca da mulher.

Ele leu muito, e pesquisou muito, para entender a mecânica do evento. E só depois começou a pensar em como contar a história. Numa atitude inédita, Emma e Nolan foram à cúpula da Warner com o roteiro pronto, sabendo como ele ia contar a saga de Dunquerque. Três linhas narrativas – o molhe, o mar e o ar. Pediram bem menos dinheiro do que para qualquer dos Batmans. Uma derrota não pode ser contada com excesso de dinheiro. A dificuldade material torna-se, ela própria, inspiradora. Alguns personagens-chave. O garoto que corre na praia. O piloto que, do ar, ao aterrissar sem combustível na areia da praia – Tom Hardy -, vira o símbolo de tudo. John Ford, o Homero de Hollywood como fonte de inspiração. Nolan e a mulher. E a arte de transformar uma catástrofe militar numa história de superação.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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