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Noitão do Belas Artes com os mistérios de Agatha Christie

Incrível, fantástico, extraordinário – mal o Belas Artes anunciou nas redes sociais que o Noitão desta sexta, 1º de dezembro, o último do ano, seria dedicado a Agatha Christie, os internautas esgotaram a lotação das duas salas previstas, comprando os ingressos antecipadamente. A solução foi abrir uma terceira sala, mas será arriscado tentar comprar os ingressos na hora.

Vai ser um fim de semana cult no conjunto de salas da Consolação. No sábado à tarde – amanhã – ocorrerá às 16h20 a última, sim, a última sessão de Relatos Selvagens, a comédia de Damián Szifrón que completou mais de três anos (três anos e um mês) em cartaz. E, nesta noite, a partir das 23h30, os mistérios de Agatha. Como sempre, o Noitão anuncia dois filmes baseados na obra da escritora – Morte sobre o Nilo, de John Guillermin, e Testemunha de Acusação, de Billy Wilder – e promete um terceiro como “sessão surpresa”.

Em qualquer de seus livros, você encontra a informação de que, após a Bíblia e Shakespeare, ela segue sendo a autora mais editada do mundo. Agatha Christie morreu em 12 de janeiro de 1976 – há 41, quase 42 anos. Nesse período, o mundo mudou, e não apenas na geopolítica. A internet popularizou-se, as redes sociais explodiram e Agatha segue soberana. O mais impressionante é que os dois detetives que ela criou – um belga com cabeça de ovo e bigodes arredondados de nome Hercule Poirot e uma solteirona que vive numa minúscula aldeia do interior, Miss Marple – vivem na contracorrente da agitação dos tempos modernos.

Poirot horroriza-se à menor sugestão de sair por aí investigando, ou correndo. Idem, Miss Marple. Ele conversa com as pessoas, convencido de que, se elas forem estimuladas a falar, terminarão revelando “coisas”. Depois, M. Poirot exercita suas células cinzentas e decifra o mistério dos crimes. Miss Marple também observa e “pensa”, mas o método dela possui uma particularidade. Embora sua aldeia seja pequena, a natureza das pessoas é a mesma em todo lugar e é observando o carteiro, o leiteiro, o jardineiro, a ajudante de cozinha, etc, que a astuta Miss Marple invariavelmente chega ao criminoso(a).

Esse Noitão tão especial pega carona na estreia de Assassinato no Expresso do Oriente, que o ator e diretor Kenneth Branagh realizou com base no livro de 1934, quando o trem do título, além de ser o mais luxuoso, era também o mais moderno do mundo. Hoje em dia, os trens estão em desuso, exceto os de alta velocidade, mas isso não impediu o shakespeariano “Ken” (Branagh) de fazer do expresso do Oriente o cenário (quase) único do crime brutal que será resolvido por M. Poirot. No final, vejam só, o detetive está sendo chamado para investigar outro crime – no Egito. É que Hollywood já está anunciando o remake de Morte sobre o Nilo, na convicção que Assassinato no Expresso do Oriente vai repetir, e até superar, o sucesso da versão de Sidney Lumet, de 1974.

Nesta noite, outro Poirot (Peter Ustinov) vai investigar o assassinato no Nilo e a bordo do barco que singra o rio há um elenco de astros e estrelas – Bette Davis, David Niven, Mia Farrow, Angela Lansbury, George Kennedy, Maggie Smith, etc. Cada um tem direito a seu momento de brilho, cronometrado pelo diretor Guillermin. Em matéria de elenco, o de Testemunha de Acusação, embora mais enxuto, não é menos estelar – Marlene Dietrich, Charles Laughton, Tyrone Power. O último é acusado do assassinato de uma viúva. Sua mulher testemunha contra. A reviravolta do desfecho virou clássica. Os livros de Agatha privilegiam o mistério. Wilder introduziu o “suspense”.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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