Pablo VazUm dos trechos da música mais executada nas rádios do The Black Eyed Peas, Pump it, ordena que as pessoas mexam o esqueleto, no ritmo do hip hop sem as pretensões das lições de vida do movimento original. E mesmo bem antes do hit tocar nos shows que a banda realizou na turnê brasileira, a galera já se sacudia no ritmo que já virou moda, especialmente entre os adolescentes. A trupe passou por Porto Alegre, Curitiba, São Paulo e encerrou a turnê brasileira em Brasília, prometendo voltar no reveillon, para um show nas areias de Copacabana, no Rio de Janeiro.

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Em Curitiba, no último dia 10, na Pedreira Paulo Leminski, a energia contagiante escanteou o frio fora do comum para a primavera e o atraso de uma hora para o início do show não abalou o ânimo do público, formado na grande maioria por adolescentes ansiosos para ver de perto o quarteto encabeçado pela turbinada Fergie (na verdade, Stacy Ann Ferguson). Para as meninas, ela é um modelo a ser seguido, a profusão de boinas e barrigas ?congeladas? de fora era algo fora do comum. Para os rapazes, personagem dos desejos efervescentes provocados pelos hormônios da puberdade.

Mas saindo da questão estética e partindo para a música, a despretensão das letras e o ritmo pontuado pela qualidade da percussão e do trabalho dos DJs explicam o porquê de tanto sucesso. Se no ano passado o projeto Planeta Terra optou por trazer ao Brasil o já clássico Pearl Jam, a escolha pelo BEP seguiu uma tendência mais pop e agradou em cheia especialmente a galerinha sub-20.

A banda começou a ser delineada em 1989, quando os frenéticos Will.i.am e Apl.de.Ap se conheceram, ainda na adolescência. Após alguns projetos frustrados que já misturavam a essência do hip hop, com uma alta dose do elemento break, o BEP começou a ganhar forma em 1998, quando foi lançado o álbum Behind the front. Mas a explosão mundial veio só em 2003, quando Fergie substituiu a vocalista Kim Hill, no álbum Elephunk. A força do hit Where is the love, que ganhou disco de platina, pôde ser sentida quando a banda tocou as primeiras estrofes da música, na metade do show, levando a galera à loucura. Amantes confessos do Brasil o grupo gravou Mas que nada com o brasileiro Sérgio Mendes, eles aproveitaram para dizer que o amor, citado na música, está no Brasil. Uma média simpática com a galera, que foi repetida em todos os shows realizados no país.

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Porém, certamente os pontos altos da noite foram as execuções dos grandes hits da banda, do último álbum Monkey business, como Don?t lie e Let?s get start, sem esquecer na debochadíssima My Humps, na qual Fergie tira um grande sarro das meninas de bandas do gênero das The pussycat dolls, que destacam o tipo mulher objeto em suas letras. Pump it, a última música de trabalho do grupo, também fez a turma tirar os pés do chão.

A grata surpresa ficou na bela execução vocal de Fergie no hit Sweet child O?mine, que alavancou a carreira dos Guns N?Roses nos anos 90s. Meteóricos como os Guns, guardadas as diferenças de estilos, resta saber se a afinidade aparente do quarteto dará longa vida ao grupo. Por ora, tudo vai muito bem e nem mesmo o lançamento do CD solo de Fergie, The dutchess (que quer dizer a duquesa, numa referência a duquesa quase homônima da Fergie, Sarah Ferguson), que poderia causar um conflito de egos, não abalou a estrutura. Pelo contrário, o trio masculino inclusive apoiou a cantora dar na canja de seu trabalho solo nos show brasileiros, mostrando que se depender a sintonia, a afinação não se restringirá ao som do quarteto.

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