No rastro do ibope

Antes mesmo de seu lançamento, em novembro de 2006, Paixões proibidas, da Band, já prometia cenas fortes. A emissora apostava no horário das 22h para conquistar um público ávido de histórias mais picantes. A novela, entretanto, mostrou-se um fiasco de audiência e patinou numa média de dois pontos diários. Diante do resultado insatisfatório, a Band tomou uma decisão radical e, desde o dia 16, passou a exibir a trama às 17h30. Antes o horário era ocupado pelo programa De olho nas estrelas, que foi encurtado.

Além da baixa audiência, outro problema que a novela enfrentaria seria a ?briga? com o recém-iniciado Campeonato Paulista. Como os jogos são realizados sempre às quartas-feiras no horário da trama, ela seria suspensa neste dia da semana. Para uma história em busca de espectadores, essa quebra de ritmo seria desastrosa. Aliás, a justificativa oficial da Band é que a mudança na grade teria sido realizada por conta das partidas.

 Para que os novos telespectadores se familiarizassem com a trama de Paixões proibidas, a mudança foi feita gradativamente. Primeiro, um compacto do que já foi ao ar foi exibido no horário vespertino, enquanto à noite continuavam sendo apresentados capítulos inéditos. A mudança completa ocorreu na Quarta-feira de Cinzas, quando as cenas inéditas passaram a ir ao ar às 17h30.

Muitas alterações ocorreram com o novo horário. As cenas fortes, com nudez, sexo e violência saíram do ar. É uma estratégia da Band para conquistar um público que se identifique com tramas de época e que procure entretenimento alternativo às problemáticas jovens que dominam o horário nos enredos de Malhação e de Alta estação. A emissora espera cativar a mesma audiência que consagrou as açucaradas Cabocla e Sinhá moça. Com isso, tudo o que antes era explícito, agora passa a ser apenas sugerido. Não vai deixar de ser um tanto irônico assistir personagens que, há poucas semanas, eram estupradas ou faziam sexo com os seios e as nádegas à mostra, transformadas em pudicas senhoras.

 Uma das tramas mais afetadas foi a relação picante entre Alberto de Miranda e Elisa de Mandeville, personagens de Felipe Camargo e São José Correia. O casal de amantes protagonizava tórridas cenas de sexo às 22h. A personagem Ângela de Souza, vivida por Graziella Moretto, também teve de ser modificada. Esposa do Barão de Barbacena, Ângela vivia enclausurada em seu quarto e apanhava mais que boi ladrão do marido sádico. Não deve apanhar tanto agora.

Com a mudança de horário, Paixões proibidas perde o diferencial das cenas mais fortes e torna-se apenas mais uma novela de época água com açúcar. A estratégia da Band parece não ter causado nenhuma modificação na audiência da novela, que marcou pífio 1,5 ponto nos primeiros três dias de exibição à tarde. Praticamente a mesma pontuação que alcançava à noite. 

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