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No Municipal, celular virou meio de divulgação

À medida em que a Sinfonia nº 9 de Mahler se encaminha para o final, a música vai morrendo aos poucos até sumir por completo, substituída por um silêncio dilacerante – a não ser, claro, que neste momento um celular comece a tocar. Foi o que houve, há algumas temporadas, em um concerto da Filarmônica de Nova York.

O caso – e a bronca na plateia dada pelo maestro Alan Gilbert – ganhou tanta repercussão que o dono do celular chegou a dar uma entrevista ao New York Times, dizendo que a culpa o fez ficar duas noites sem dormir. Pudera. No mundo da música clássica, barulhos não costumam ser bem-vistos. Ainda mais de celulares – problema para o qual salas de concertos têm buscado encontrar soluções, em alguns casos utilizando os aparelhos como ferramenta de divulgação.

Na Sala São Paulo, os programas de concertos costumam trazer regras de comportamento que incluem o ato de desligar o celular. E quem insiste em mexer nos aparelhos durante concertos são abordados discretamente pelos funcionários. Já no Teatro Municipal e no Teatro São Pedro, os funcionários carregam um apontador luminoso, que é direcionado àqueles que sacam seus telefones.

O Municipal, no entanto, resolveu usar a seu favor o desejo das pessoas de registrar as apresentações a que assistem. O teatro criou o Bis no Municipal: em todas as apresentações, durante o bis, é permitido fotografar e filmar e o público é convidado a postar as imagens em suas redes sociais com a hashtag #bisnomunicipal.

“As pessoas têm vontade de usar os celulares para mostrar onde vão. Criamos o Bis no Municipal para que elas possam se concentrar durante o concerto e, depois, fotografar e filmar à vontade”, diz o secretário municipal de Cultura André Sturm. “De um lado, resolvemos esse problema e ainda ganhamos divulgação para o teatro. Fizemos buscas nas redes sociais antes e depois que começamos a fazer esta ação e notamos a diferença em termos de exposição. Passamos a ter milhares de inserções.”

O celular, nesse sentido, não precisa ser um vilão. O Instituto Baccarelli, por exemplo, iniciou este ano uma parceria com o site Catraca Livre para transmitir ao vivo pelo Facebook as apresentações de seus grupos. “Os smartphones representam uma ponte para um público erroneamente rotulado como avesso à música de concerto”, diz Edmilson Venturelli, um dos diretores do instituto. “Esse projeto tem feito com que nossas apresentações sejam vistas por milhares de pessoas. E outra coisa fantástica é possibilidade de interação com o público em tempo real, pois os concertos são comentados por experts da área.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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