O exagero sempre lhe caiu bem. Perua assumida, Hebe Camargo tinha a língua solta, a risada alta e o guarda-roupa mais extravagante do Brasil. Nunca repetia uma peça. Não à toa os vestidos exibidos agora na mostra Hebe Eterna, em cartaz em dois andares do Farol Santander, estão em ótimo estado. Nos corredores labirínticos da montagem, encontram-se bordados incríveis, rendas renascentistas, pedrarias, brocados e todo o tipo de paetês. “Essa é apenas a ponta do iceberg do closet de Hebe. Se quiséssemos expor tudo que ela tinha, precisaríamos ocupar o prédio inteiro”, brinca a arquiteta Patricia Anastassiadis, que assina a cenografia com elementos dourados e o chão acarpetado, remetendo ao aconchego de um quarto de luxo.
Numa época em que a economia do País era fechada e as grifes internacionais não tinham vez por aqui, Hebe mandava fazer seus modelos em costureiras. Há uma ou outra peça de Dener e Clodovil, nomes simbólicos da moda nacional das décadas de 1980 e 1990, porque ela não costumava guardar suas roupas antigas. Em compensação, criaram um camarim, com espelhos iluminados e um jogo digital interativo, que permite ao visitante se ver no corpo da Hebe, sendo penteado por um de seus cabeleireiros, enquanto eles entregam fofocas divertidas sobre a apresentadora.
É uma pena que nenhuma peça da espetacular coleção de joias esteja em exibição. Hebe costumava declarar seu amor por brilhantes, esmeraldas e safiras, criados pelos maiores joalheiros do País exclusivamente para ela. Era, inclusive, uma atração em festas da sociedade. Entre os manequins e a montanha de pares de sapatos (200 estão expostos ali, mas ela acumulou dezenas de milhares ao longo da vida) está a reprodução de uma capelinha construída no jardim da mansão da apresentadora no Morumbi. Perfeita colocação. O sagrado e o profano conviviam em total harmonia no estilo alegre e exuberante de Hebe.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.