Tem gente que até hoje não se conforma – em 1960, Luchino Visconti concorria ao Leão de Ouro, no Festival de Veneza, com um dos maiores filmes da história do cinema. Só que, em vez de premiar Rocco e Seus Irmãos, o júri preferiu o drama de guerra francês A Passagem do Reno, de André Cayatte, advogado que se tornou cineasta e, segundo François Truffaut, conseguia ser ruim em qualquer circunstância.
Como advogado, era péssimo cineasta. Como cineasta, péssimo advogado.
Isso não impediu que, naquele mesmo ano, Truffaut chamasse Aznavour para seu segundo longa, adaptado de David Goodis – Atirem no Pianista.
Como Yves Montand, foi amante da lendária Edith Piaf, que lhe deu projeção ao levá-lo numa turnê pelos EUA. Mesmo que não tivesse sido ator, Aznavour teria seu lugar no panteão do cinema – pela voz. Uma das mais belas canções românticas, She, foi tema de Crime e Paixão, de Robert Aldrich, de 1975, emoldurando a ligação de Burt Reynolds e Catherine Deneuve. Em 1999, na voz de Elvis Costello, a canção voltou como tema de Um Lugar Chamado Notting Hill, com Hugh Grant e Julia Roberts.
Aznavour filmou muito nos anos 1960 – Táxi para Tobruk, O Diabo e os Dez Mandamentos, As Quatro Verdades, comédia em episódios, O Mundo dos Aventureiros, etc. Em 1979, interpretou O Tambor, de Volker Schlondorff, que venceu a Palma de Ouro – tinha, portanto, o ouro de Cannes e Veneza. Armênio, lutou sempre pelo direito do seu povo – e pelo reconhecimento do massacre. A militância se traduz em pelo menos um título de prestígio – Ararat, de Atom Egoyan, em 2002.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.