Foram 18 anos de Globo e de carreira até que Ana Paula Padrão desse uma guinada na direção de novos objetivos. Esse novo momento profissional, cujo marco foi a ida da jornalista para o SBT, trouxe vários desses objetivos, um deles em especial: a conquista de uma autonomia impensável na antiga emissora. "A autonomia é total. O Silvio Santos fez questão de colocar em contrato que a responsabilidade pelo jornal seria minha", conta. Há quatro meses no ar, o telejornal SBT Brasil apresentado por ela de segunda a sábado, das 19h45 às 20h30, vem conseguindo consolidar um público no horário, com audiência média em torno de nove pontos, índice considerado satisfatório pelo SBT.
Nesses 18 anos de profissão, Ana Paula Padrão já foi correspondente internacional, cobriu guerras como a de Kosovo e se notabilizou por reportagens especiais, como a que fez no Afeganistão em pleno regime talibã. À frente do SBT Brasil, em um hoário mais "acessível", a jornalista começa a colher os frutos pelo novo trabalho: na eleição dos Melhores & Piores do ano de TV Press, ela foi escollhida como a "Melhor Apresentadora de Telejornal". "Daqui a um ano, com o jornal mais maduro, quem sabe a gente também não ganhe na categoria Melhor Telejornal…", aposta.
P – Que avaliação você faz desses primeiros quatro meses no ar à frente do SBT Brasil?
R – A primeira é que a gente já venceu questões técnicas. Quando cheguei, eu tive que deixar o jornal com condições técnicas para ir ao ar. Foram muitas dificuldades: o equipamento é novo, nós estamos captando e editando em tecnologia digital, o estúdio é novo e, além disso, a equipe de técnicos e de jornalistas ainda está se conhecendo. Só agora a gente está alcançando um nível de segurança técnica que nos permite dar mais alguns passos na direção de fazer o jornal que a gente quer.
P – Depois de 18 anos na Globo, como tem sido o trabalho no SBT?
R – Ah, está ótimo, porque aqui eu montei a equipe que eu quis, a equipe dos meus sonhos, com editores experientes, ninguém muito novo, todos com critérios maduros de avaliação, sem as dúvidas que a gente tem no começa da carreira. A equipe de repórteres também é sensacional, tenho muito orgulho deles. Sem contar que a "casa" é muito carinhosa, eu sou sempre muito bem recebida, bem tratada. Posso dizer que estou com uma vida boa.
P – Como a Globo recebeu a sua saída? Houve algum problema?
R – Eu interrompi o meu contrato porque não consegui ter atendida uma reivindicação de mudar de horário. Não foi exatamente uma saída tranqüila. Mas isso é uma coisa natural do mercado, é normal que aconteça, as pessoas mudam de emprego. As pessoas, em geral, têm medo de trocar de emprego por falta de motivação. E eu estava muito motivada, queria um horário mais tranqüilo. Foi tudo muito coerente. A coragem para qualquer mudança vem de você ter certeza do que quer.
P – Qual foi sua proposta editorial para o jornal?
R – Eu tive liberdade para montar o jornal que eu quisesse. Apresentei uma proposta de orçamento que foi aprovada, mas nunca tive de submeter o projeto editorial à direção da "casa". Dentro do orçamento, eles deram tudo o que a gente queria. Nós montamos uma rede de jornalismo nova, praticamente do zero. Mas foi compensador, um trabalho que me dá um enorme orgulho. Se o projeto é feito por profissionais experientes e trata o telespectador com respeito, como alguém que pode absorver coisas novas, não há como dar errado.
P – Você tem maior carinho por algum momento da sua carreira?
R – O melhor momento é o que você ainda não viveu. Eu sou muito inquieta, não vivo do passado, tenho milhões de projetos na gaveta. Por ora, eu quero fazer o SBT Brasil ser o projeto que eu imaginei, quero colocar no ar o telejornal que eu pensei. Não é fácil, mas o mais difícil a gente já conseguiu, que era montar toda a estrutura e fazê-la funcionar. Mas ainda há muito a fazer. Acredito que daqui a um ano o jornal estará maduro.
