A atriz Taís Araújo falou sobre problemas sociais tendo como base sua experiência como mãe de duas crianças em palestra feita no evento TEDxSãoPaulo, realizado no dia 6 de novembro, que teve como tema “Mulheres que Inspiram”.

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No discurso, Taís ressalta as preocupações de ser mãe de uma menina e um menino, levando em conta as dificuldades que serão enfrentadas por cada um no futuro, e também as que são enfrentadas pelas pessoas negras na sociedade.

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“Quando engravidei do meu filho, eu fiquei muito, mas muito aliviada de saber que no meu ventre tinha um homem. Porque eu tinha a certeza de que ele estaria livre de passar por situações vivenciadas por nós, mulheres. Teoricamente, ele está livre, certo? Errado. Errado porque meu filho é um menino negro e liberdade é um direito que ele não vai poder usufruir se ele andar pelas ruas descalço, sem camisa, sujo, saindo da aula de futebol. Ele corre o risco de ser apontado como um infrator – mesmo com seis anos de idade”, disse.

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“Quando ele se tornar adolescente, ele não vai ter a liberdade de ir para sua escola pegar um ônibus com sua mochila, seu boné, seu capuz, seu andar adolescente, sem correr o risco de levar uma investida violenta da polícia ao ser confundido com um bandido”. “No Brasil, a cor do meu filho é a cor que faz com que as pessoas mudem de calçada, escondam suas bolsas e que blindem seus carros.”

Em seguida, a atriz comparou a questão envolvendo também a temática de gênero: “A vida dele só não será mais difícil do que a minha filha. […] Quando eu penso o risco que ela corre simplesmente por ter nascido mulher e negra eu fico completamente apavorada, e meu pavor tem razão. Observando o mapa da violência no Brasil, os números são muito alarmantes.” “Temos algumas vitórias, muito poucas, mas queria ressaltar uma: o número de feminicídios contra mulheres brancas caiu 9,8%. É muito pouco para o que a gente deseja para nossas irmãs brancas, mas caiu. Já o número de feminicídios contra mulheres negras aumentou 54,8%. É ou não pra ficar apavorada?”

No fim, Taís ainda fez um comentário ‘inspirado’ no clássico discurso de Martin Luther King: “Eu tenho um sonho de ver ricos trabalhando para acabar com a pobreza, homens se colocando no lugar de mulheres, ver mulheres brancas vendo que existe um abismo entre mulheres brancas e negras, de ver crianças heterossexuais aceitando crianças homossexuais e trans, de ver mulheres heterossexuais aceitando mulheres lésbicas e que todos nós fiquemos muito atentos para garantir os direitos dos índios”.