Com um roteiro envolvente e muita ação do início ao fim, A intérprete (The interpreter) estreou sexta-feira passada nas principais salas de cinema do País. Dirigido por Sidney Pollack (Sabrina, A firma, Destinos cruzados) e com Nicole Kidman (As horas, Moulin Roge, De olhos bem fechados) e Sean Penn (21 gramas, Uma lição de amor) no elenco, o thriller conta a história de Silvia Broome, uma intérprete da ONU que acidentalmente escuta um plano de atentado à vida do chefe de Estado de Matobo (nação africana fictícia) planejado para acontecer em plena Assembléia Geral das Nações Unidas, em Manhattan. Após ouvir ?o professor nunca sairá da sala dele vivo?, a intérprete acaba se envolvendo em uma conspiração passada nos bastidores das Nações Unidas.
Interpretada por Nicole Kidman, Silvia Broome é uma personagem devotada aos princípios das Nações Unidas e que, por ter crescido na África, em meio a uma violência política, optou pela vida da diplomacia. Com uma excelente interpretação, Sean Penn encarna o agente federal Tobin Keller, responsável por investigar Silvia e garantir a segurança do líder africano enquanto este estivesse na sede da ONU, o agente mergulha nas investigações e descobre conexões suspeitas no passado de Silvia. Sem saber em quem confiar, Keller, que havia perdido a esposa há duas semanas, entra de corpo e alma na trama até descobrir toda conspiração.
O filme combina a história de duas pessoas diferentes e com sérios problemas, que juntas acabam se ajudando e descobrindo suas próprias vidas. O tema globalização e terrorismo é abordado num momento em que as pessoas são bombardeadas por informações, e o mundo está sofrendo com os desmandos de autoridades políticas, que em muitos casos se aproveitam de sua condição para impor à sociedade uma forma de vida em benefício próprio. Em alguns momentos, o longa-metragem esbarra em alguns clichês desnecessários, mas comuns, especialmente no cinema americano. Em paralelo a tensão vivida a cada minuto, Silvia e Keller vivem momentos afetivos mais próximos do que o comum para pessoas que estão arriscando as próprias vidas.
Sidney Pollack teve o mérito de ser o primeiro diretor de cinema a conseguir filmar nas dependências das Nações Unidas. Para isso, elenco e toda a equipe de filmagem foi obrigado a passar por uma segurança rígida, com cães farejadores e inspeção antibomba a cada vez que entravam nos complexos para rodar o filme. As instalações só eram disponíveis durante a noite. Todo esse aparato de segurança também pode ser conferido no filme, que reflete bem a precaução americana após os atentados do 11 de setembro.
A intérprete é um filme atual, e que busca mostrar para o público o trabalho do meio diplomático internacional; e como decisões importantes são tomadas nos corredores de um prédio em Manhattan. Um trabalho sério, mas sem qualquer pretensão de ser um produto documental, a produção deu importância em inventar um país e também o dialeto falado por Nicole Kidman. Vale a pena conferir as interpretações de Kidman e Sean Penn, mas sem a ilusão de assistir um material diferente em termos cinematográficos.