Ney Matogrosso volta a SP com show mais intimista

A bem-sucedida turnê de “Inclassificáveis”, que durou dois anos, foi um dos pontos altos da carreira de Ney Matogrosso, como ele próprio reconheceu. Foi um show de caráter roqueiro, que também saciou o desejo dos fãs pela exuberância cênica, uma marca pessoal do cantor. Como vem fazendo de um bom tempo para cá, agora ele volta ao palco com um projeto mais intimista. De hoje a domingo no Teatro Bradesco, em São Paulo, Ney interpreta as canções de seu novo álbum, “Beijo Bandido” (EMI).

Embora o material gravado seja um tanto mais suave, “tem muita carga emocional”, como diz Ney, principalmente em canções como “As Ilhas” (Astor Piazzolla/Geraldo Carneiro), retomada do compacto que acompanhava seu primeiro álbum, de 1976. É a canção que encerra o roteiro do show. Ney já fez algumas apresentações com esse repertório e diz que “não vai ser fácil fazer esse trabalho”. “Já senti o drama, fico muito exposto. Exige um esforço vocal que eu preciso estar com a voz descansada, voltada só pra isso”, observa. Mesmo não sendo tão performático desta vez, Ney trouxe atrativos para o show, como imagens dele trabalhadas e projetadas em um telão ao fundo e duas laterais, em quatro momentos.

De Roberto e Erasmo Carlos, ele gravou agora “A Distância”, ideia acalentada desde que ouviu a versão em italiano no filme “Violência e Paixão” (1974), de Luchino Visconti. “Achei que a hora certa de gravá-la era agora”, diz. Outra que ficou na fila foi “Mulher Sem Razão” (Cazuza/Dé/Bebel Gilberto), faixa esquecida do álbum “Burguesia”, de Cazuza, que foi alçada ao sucesso por Adriana Calcanhotto em 2008.

Com cara de inédita (só foi gravada por um dos autores), “A Cor do Desejo” (Junior Almeida/Ricardo Guima) é uma das surpresas do disco. “Essa” e “Nada Por Mim” (Paula Toller/Herbert Vianna) foram duas que deram “uma aliviada” para tornar menos “sério” e “mais pop” o repertório, que a princípio tinha também “Veleiros” (Villa-Lobos) e “Tema de Amor de Gabriela” (Tom Jobim). Outras, como “Tango pra Teresa” (Evaldo Gouveia/Jair Amorim), “Bicho de Sete Cabeças” (Geraldo Azevedo/Zé Ramalho/Renato Rocha), “De Cigarro em Cigarro” (Luiz Bonfá), “Invento” (Vitor Ramil), de cujos versos Ney extraiu o título do CD, são consideradas por ele, além de “As Ilhas”, como momentos fortes, que crescem ao vivo. “Não é só canção brasileira, é uma coisa misturada”, observa.

Além disso, há a presença do percussionista Felipe Roseno e seus grandes dreadlocks. Ney também será acompanhado de Leandro Braga (piano e direção musical), Lui Coimbra (cello e violão), Ricardo Amado (violino e bandolim). Além das canções de “Beijo Bandido”, Ney canta “Incinero” (Zé Paulo Becker), que ele gravou no novo CD do autor, e “Da Cor do Pecado” (Bororó). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Ney Matogrosso. Teatro Bradesco (1.457 lug.). Rua Turiassu, 2.100, Shopping Bourbon, Perdizes. Tel. (011) 3670- 4141. Hoje e amanhã, 21 h; dom., 20 h. R$ 80 a R$ 250.

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