Após dois shows considerados mornos por parte do público e da crítica especializada (dia 28 em São Paulo, no Espaço das Américas; e dia 30, em Uberlândia, na Arena Sabiazinho), o New Order mostrou do que era capaz e realizou a sua melhor apresentação no espetáculo realizado na capital paranaense, na Live Curitiba, no último domingo (3). Não houve quem ficasse incólume à energia deste, que é um dos grupos de rock mais importantes das últimas quatro décadas.
Criado a partir da formação original do Joy Division, após a morte do vocalista desta, Ian Curtis, o New Order sempre se destacou pela mistura do rock com a música eletrônica, sendo um dos precursores do gênero synthpop, que veio a ser um dos mais populares na década de 80. Ao lado de outros representantes desse estilo musical, como o Depeche Mode e o Pet Shop Boys, o New Order marcou toda uma geração e influenciou artistas tão diversos como Madonna, David Bowie, Daft Punk e Lady Gaga.
Formado atualmente por Bernard Sumner (vocais e guitarra), Stephen Morris (bateria), Gillian Gilbert (tecladista), Phil Cunningham (guitarrista) e Tom Chapman (baixista), o New Order trouxe, para o palco da Live Curitiba, toda a essência do uso de sintetizadores, em um setlist muito parecido com a ordem do álbum NOMC15, trabalho ao vivo lançado em 2017. Com imagens nos telões que remetiam a diversas fases do grupo, a entrada foi marcada por um clima quase etéreo, com a introdução de Das Rheingold – Vorspier, ópera do compositor Wagner, tal e qual a abertura do próprio álbum citado acima.
+Leia também: Integrantes remanescentes da Legião Urbana falam sobre possibilidade de novos projetos
A primeira parte do show, que começou com Singularity (faixa do último trabalho de estúdio do grupo, Music Complete, de 2015), foi marcada pela mescla de novos e antigos sucessos, e teve seus pontos altos na segunda e terceira músicas, os grandes hits Regret e Age Of Consent (que contaram com uma empolgação em uníssono da banda e do público).
A segunda parte abordou principalmente o repertório do New Order nos últimos 17 anos, com músicas mais conhecidas pelos verdadeiros fãs, como Superheated e Tutti Frutti, e reservando ao público mais saudosista uma surpresa: o resgate de Decades, uma das canções do repertório do Joy Division. Foi o momento dos admiradores de ocasião se desligarem um pouco do show, indo buscar bebidas, engatando papos animados com os conhecidos ao redor, ou verificar a movimentação das redes sociais.
A partir da terceira parte, todos voltaram a ficar atentos ao show. Foi quando o New Order começou a desfilar os hits mais importantes de sua história. E não teve descanso. De Bizarre Love Triangle, passando por Vanishing Point, The Perfect Kiss, True Faith, Blue Monday e Temptation, foi o momento em que a Live se transformou numa verdadeira pista de dança, trazendo à tona toda a nostalgia e energia do público presente (com a exceção daqueles que, ao invés de sentirem a música, preferiram acompanhar o show pelas telas dos celulares – nada contra, mas não há muito sentido em tentar fazer uma filmagem, enquanto você se mexe ao dançar: a probabilidade de você não conseguir filmar direito é bem alta).
+ APP da Tribuna: as notícias de Curitiba e região e do trio de ferro com muita agilidade e sem pesar na memória do seu celular. Baixe agora e experimente!
BIS especial
Após esse momento de extrema sintonia e antes do bis, quem foi ao show apenas para curtir, se despediu do espaço, com a certeza de ter acompanhado um grande evento. Para quem ficou (os verdadeiros fãs e admiradores da banda e da sua trajetória), o desfecho foi mais do que especial.
Após anos relutando em incluir no repertório canções marcantes do Joy Division, o New Order decidiu não mais privar o público e trouxe à cena três das músicas mais marcantes da banda pioneira do pós-punk: Atmosphere, Disorder e Love Will Tear Us Apart, uma das maiores composições da história do rock em todos os tempos.
+Leia também: Fernanda Gentil e Priscila Montandon casam em segredo
Showzão
Resumo da ópera: se existia alguma dúvida do New Order em relação à receptividade do povo brasileiro, ela foi dissipada com o show de Curitiba. Contrariando a fama de reservados, o público se jogou em meio à grande pista de dança na qual se tornou a Live, na noite deste domingo. Apesar de um ano extremamente tenso, o grupo de Manchester, ao lado dos shows do Queens Of The Stone Age, Foo Fighters e Roger Waters, fechou 2018 em grande estilo e mostrou que ainda existe espaço para boa música e para a união de pessoas de diferentes temperamentos. Um show histórico, sem sombra de dúvidas.
Apesar das críticas, Pabllo Vittar segue brilhando e é resistência LGBTQ