O maestro John Neschling anunciou na tarde de terça-feira (19) a temporada completa do Teatro Municipal de São Paulo, a sua primeira como diretor artístico. Serão 26 concertos e 7 óperas – e a sua estreia à frente da Sinfônica Municipal será no sábado (23). Durante encontro com a imprensa, o maestro anunciou também a contratação de Iracity Cardoso, ex-São Paulo Companhia de Dança, como nova diretora do Balé da Cidade, e do maestro Bruno Faccio como titular do Coral Paulistano. No mesmo encontro, o secretário Juca Ferreira falou do papel que o Municipal terá na revitalização do centro da cidade e da busca por uma parceria com o Ministério da Cultura para que o teatro seja uma das primeiras instituições do País a se preparar para aceitar o Vale Cultura, que poderá ser utilizado inclusive para a compra de assinaturas, que terá início em maio.

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Neschling rege um programa dedicado a três importantes efemérides deste ano: o bicentenário de Richard Wagner (Prelúdio e Morte de Tristão e Isolda) e Giuseppe Verdi (Quatro Peças Sacras) e os 20 anos de morte de Camargo Guarnieri (Sinfonia n.º 2). Após os primeiros ensaios, o maestro se disse muito satisfeito com a qualidade da orquestra e dos corais Lírico e Paulistano. Mas insistiu, no que foi secundado pelo diretor-geral da fundação, José Luiz Herencia, na necessidade de uma nova relação trabalhista que dê dignidade aos músicos. “Nos últimos tempos, houve coisas interessantes e outras muito ruins no teatro. Por conta disso, a classe musical não tinha por ele o respeito que deveria ter, falava-se que os músicos não trabalhavam, eram preguiçosos. Isso é balela. Encontrei um teatro cheio de talentos, estou espantado com a qualidade dos corpos artísticos. O que eles precisam é de respeito e dignidade no dia a dia do trabalho.”

Neschling foi um pouco mais contundente nas críticas feitas às gestões anteriores. “Há tudo a ser feito aqui, no teatro”, disse, se referindo tanto à necessidade de reforma dos bastidores como ao estabelecimento de um esquema profissional e integrado de produção. “É uma vergonha que o Brasil não tenha um só grande teatro de ópera, é um absurdo que São Paulo não tenha um grande teatro de ópera. É possível fazer isso. E é nesse sentido que nós vamos trabalhar. Nós temos quatro anos para transformar este teatro para valer.” Na mesma linha, Herencia falou da necessidade de profissionalização. “A excelência artística será o compromisso indiscutível desta gestão. Mas não se trata apenas disso. É preciso estendê-la também para a questão administrativa, de uma maneira mais integrada, de forma a dar cara e forma à instituição. Excelência começa no estado do vaso sanitário.”

Para o secretário Juca Ferreira, o Teatro Municipal é “a joia da coroa” do processo de revitalização do centro. “Não é por acaso que a nomeação de Neschling e Herencia foi minha primeira ação como secretário. É nosso objetivo fazer do Municipal uma referência ainda maior. Encontramos uma reforma física e institucional parcial e vamos dar continuidade a esse processo. É assim que você reverte uma tendência histórica dos grandes centros brasileiros, que deixaram de ter vida qualificada no centro.”

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As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.