Nem sempre o que é caro é bom

O novo álbum da banda curitibana Terminal Guadalupe tenta quebrar um paradigma de consumo, o de que o preço do produto é equivalente à qualidade dele. Vc vai perder o chão traz uma edição caprichada, com revista e disco encartado. Custa apenas R$ 5,00, como convém à tese do bom, bonito e barato. ?Todos os custos foram reduzidos. Com isso, você combate a pirataria de uma forma eficaz e ainda permite a inclusão cultural?, afirma o vocalista do TG, Dary Jr. A explicação para o baixo custo vem do novo formato. O Terminal Guadalupe é a primeira banda de rock do Brasil a gravar em SMD (Semi-Metalic Disc).

A novidade é resultado de um investimento do cantor sertanejo Ralf. O SMD roda em qualquer aparelho de CD, mas custa 80% menos. A banda de Curitiba decidiu apostar na idéia e preparou o lançamento com cuidado. O projeto gráfico é inspirado por pop art e no design consagrado pelo extinto grupo inglês The Beatles. A conquista do público tem sido aos poucos. Em abril, o Terminal Guadalupe abriu o show do grupo inglês Placebo em Florianópolis (SC), depois de ficar entre as 40 bandas de um total de mais de 2.300 inscritas selecionadas para o festival Claro Q É Rock. Em maio, convidado como uma das atrações nacionais do Festival América do Sul, em Corumbá (MS), o TG tocou para cerca de 5 mil pessoas e fez um dos shows mais comentados do evento. ?Estamos avançando com calma, pés no chão?, diz o guitarrista da banda, Allan Yokohama.

A banda se ampara no tal ?pop de garagem? para ganhar mais espaço na nova e produtiva cena musical do País. É uma sonoridade que tem melodia, mas nem sempre refrão; microfonia, mas sem ser gratuita; guitarra distorcida, mas não o tempo todo. ?É rock nacional dos anos 80s, que inclui até o que não fez sucesso, com música alternativa dos 90s, mais punk, grunge e algumas esquisitices?, define Dary. ?Mentira, é uma brincadeira com os caçadores de rótulos?, entrega o baixista Rubens K.

O disco

O novo disco é o terceiro da carreira do TG e traz canções como O bêbado de Ullysses, que aborda a violência doméstica, cita o filme Embriagado de amor e homenageia o cantor e compositor gaúcho Frank Jorge. Esquimó por acidente narra as desventuras de um morador de rua. 525 Linhas fala da influência da televisão sobre a sociedade e discute a (falta de) ética na imprensa.

O bom humor aparece em Por trás do fator Gallagher, que recorre à música erudita para tirar sarro dos brasileiros que gostariam de ter nascido ingleses. O clima volta a ficar sério na última faixa, O peso do mundo, que encara a questão do suicídio.  Vc vai perder o chão tem 11 músicas. Foi gravado em novembro e dezembro de 2004, no Nico?s Studio, em Curitiba (PR). A mixagem coube a Silas de Godoy (Raimundos, Jota Quest, Caetano Veloso). O experiente Walter Lima cuidou da masterização no Estúdio Mosh, em São Paulo.

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