Nem os malabarismos tão comuns ao universo do circo, tema da atual fase de Xuxa no Mundo da Imaginação, estão sendo suficientes para melhorar a audiência do infantil, cada vez mais “baixinha”. Antes da mudança, o programa empatava no Ibope com o Bom Dia e Cia, do SBT, com nove pontos de média. Agora, o infantil de Xuxa vem registrando cerca de cinco pontos, contra oito do da emissora de Silvio Santos, comandado pelos apresentadores-mirins Jéssica Esteves e Kauê Santin. Nos poucos dias em que o programa de Xuxa consegue vencer a concorrência, essa liderança se dá por apenas um mísero ponto. O detalhe é que o programa do SBT conta apenas com desenhos animados, da Warner e da Disney, enquanto o da Xuxa apresenta vários quadros e brincadeiras.
Mas talvez esse formato seja justamente um dos maiores problemas do Xuxa no Mundo da Imaginação. Apesar da suposta diversidade, o programa acaba girando em torno da manjada disputa entre meninos e meninas, que se revezam para jogar um dado e descobrir o número de “casas” que devem percorrer em um tabuleiro montado no palco. As atividades propostas por cada uma dessas “casas”, no entanto, não apresentam o mínimo de criatividade, se restringindo a jogos de dardos e a um labirinto, no qual a criança tem de encontrar um caminho que ligue dois objetos. Dessa forma, o programa acaba ficando praticamente igual todos os dias, o que contribui para diminuir o interesse e a curiosidade das crianças.
Só embalagem
Na verdade, o tema circense contribuiu apenas para mudar a “embalagem” do programa, pois o conteúdo continua o mesmo. O cenário foi reformulado e passou a contar com uma cartola, que abriga a piscina de bolas. Os outros elementos que compunham o cenário foram adaptados. A enorme bota foi alongada para se assemelhar à de um palhaço e o castelo ganhou novas cores. Durante todo o infantil, palhaços e acrobatas dividem o palco com Xuxa tentando distrair as crianças. Quem parece mesmo se divertir com o programa, no entanto, são as mães dos “baixinhos”. Nessa nova fase, elas não ficam mais de frente para o palco sem aparecer. Agora, em pé nas laterais, fazem parte do cenário. Enquanto as mães ficam o tempo todo agitando “pompons” e pulando, várias crianças aparecem nitidamente dispersas, totalmente alheias à tentativa de Xuxa de cativá-las.
Comerciais de CD
A novidade mais significativa da nova fase do infantil são os números protagonizados por profissionais do circo. Mas esses números estão completamente diluídos entre inúmeras atividades nada instigantes e educativas, quadros já bem conhecidos e não mais estimulantes, como A Bruxa Keka e As Aventuras do Txutxucão. Além disso, Xuxa faz questão de continuar os seus insossos “shows”, nos quais ela canta exaustivamente as músicas de seu novo CD e vídeo Xuxa para Baixinhos 5, não por acaso também ambientado em um circo.
Xuxa, aliás, não perde a oportunidade de divulgar o atual trabalho, transformando o início e o final do infantil em verdadeiros comerciais, com direito até a elogios despudorados à filha: “Olha que vídeo lindo na sua telinha. Tem a participação da incrível, da maravilhosa Sasha Meneghel Szafir!”. Muitas vezes, a impressão que se tem é que a apresentadora faz questão de usar o programa apenas para benefício próprio. Além dos merchandisings excessivos, ela “alfineta” concorrentes e os que não gostam do seu trabalho em colocações totalmente dispensáveis em um programa voltado para o público infantil. “Recebo cartas e e-mails de todo o Brasil. Aí, o meu sorriso vai crescendo e quem não gosta vai se rasgando”, disse, há poucos dias.