O poeta Marco Lucchesi, presidente da Academia Brasileira de Letras, lembrou o engajamento de Nelson Pereira dos Santos no dia a dia da Casa de Machado. O cineasta morreu na tarde deste sábado, 21, aos 89 anos. Ele foi o primeiro cineasta a ingressar na instituição, eleito em 2006.
Nelson fazia a curadoria do projeto “Cinema na ABL”, que exibia filmes todas as sextas-feiras no teatro do prédio anexo à ABL. As sessões tinham entrada gratuita e eram abertas para o público em geral. Em 2009, Nelson filmou o documentário “Português, a língua do Brasil”, para o qual foram ouvidos acadêmicos.
“Era uma pessoa absolutamente adorável no convívio. Um dos acadêmicos mais assíduos. Distribuía seu luminoso bom humor na casa”, contou Lucchesi. Segundo ele, Nelson estava presente nos chás das quintas-feiras e em eventos. “Ele manejava uma caneta de luz, escrevia assim sua poesia sobre o Rio e o Brasil. Em ‘Rio, 40 graus’, temos ali um Visconti dos espaços, um Rossellini, não devia nada a eles”.
Para Lucchesi, o modo de Nelson pensar o País enriqueceu os debates da ABL. “Ele sempre pensou grande, de uma perspectiva continental, e com leveza, intensidade. Estamos perdendo intérpretes do Brasil. Será uma grande saudade.”