Rio (AE) – Hoje tem eleição na Academia Brasileira de Letras (ABL). Tudo indica que o cineasta Nelson Pereira dos Santos será o próximo imortal, na cadeira n.º 7, que tem Castro Alves como patrono e já foi ocupada por Euclides da Cunha, Afrânio Peixoto, Dinah Silveira de Queiroz (a primeira acadêmica brasileira) e o embaixador Sérgio Corrêa da Costa, que morreu em setembro. Apesar do favoritismo, Nelson não fala sobre o pleito, para respeitar o regimento não escrito da instituição. "Sou cristão-novo neste assunto, nado em mares desconhecidos?, justifica-se. "A academia tem uma série de preceitos e um deles é o candidato não se pronunciar. Quero cumprir todos.’
Esse favoritismo se explica pela tradição. A ABL segue o modelo da Academia Francesa que, em 1960, elegeu o cineasta René Clair, um veterano criador da linguagem cinematográfica. "Ele foi escritor antes de tornar-se cineasta, com meia dúzia de romances, todos distantes de sua genialidade no cinema", conta o imortal Antônio Olinto. "Seja quem for o eleito, como a academia está aberta a todos os intelectuais, a escolha, mais que nossa, será de Machado de Assis."
Nelson prefere esquecer esse detalhe. "Quem sou eu para imitar René Clair?", pergunta. Sua obra cinematográfica lhe garante lugar nesse olimpo. São 18 longas-metragens de ficção (o mais recente, Brasília 18 Graus, está em edição), outros tantos documentários para cinema e TV. Há quatro anos, lançou pela Rocco o livro 3 X Rio, compilação dos roteiros de Rio 4O Graus, Rio Zona Norte e Amuleto de Ogum, trilogia que tem a cidade como tema. Esta obra o habilita à imortalidade porque, como diz um deles, "para ser acadêmico, é preciso ter um livro publicado. Ou algo a que se dê este nome".
Nelson Pereira concorre com cinco candidatos: Paulo Hirano, Dario Castro Alves, Waldemar Cláudio dos Santos, Jorge Tannuri e Ronaldo Cunha Lima. São necessários 19 votos, já que, além da cadeira n.º 7, está vaga também a nº 28, que era do ministro Oscar Dias Corrêa, morto em novembro.
