Navegar é preciso, conta a história de Paranaguá

Os aspectos marcantes da navegação da Baía de Paranaguá, nos séculos XVIII e XIX, estarão em exposição no Museu Paranaense, a partir de amanhã, às 18h, até o dia 13 de março. Vários objetos, mapas e documentos relacionados ao comércio marítimo e aos naufrágios ocorridos neste período poderão ser pesquisados e conhecidos na mostra intitulada Navegar é preciso.

Segundo a diretora do Museu Paranaense, Eliane Moro Réboli, a mostra evidencia os principais personagens dessa história, que utilizaram a Baía de Paranaguá para transportar pessoas e produtos. Índios, caboclos, comerciantes, piratas, soldados, escravos, imigrantes, viajantes, de diversos lugares, revelam culturas e línguas diferentes, tornando a Baía de Paranaguá uma importante referência na costa brasileira. O acervo exposto foi reunido de coleções do Museu Paranaense e de diversas instituições culturais do Paraná, além de empréstimos de colecionadores particulares, trazendo peças únicas que resgatam os séculos XVIII e XIX na Baía de Paranaguá.

A região de Paranaguá, povoada por grupos pré-históricos, pescadores e coletores de moluscos desde oito mil anos atrás, sempre foi área de trânsito de pequenas embarcações. Canoas que, ao longo do tempo, aumentaram em quantidade com a chegada de povos ceramistas e agricultores, como os ancestrais dos índios caingáng, guaranis e carijó. No século XVI, com as grandes navegações, os europeus, para buscar novos produtos e mercados, iniciaram grandes travessias marítimas, e houve, portanto, um rápido desenvolvimento tecnológico na construção naval e na cartografia. Em 1549, Hans Staden, navegando em embarcação espanhola, aportou em Superagüi, atual litoral norte do Paraná, encontrando portugueses e índios tupiniquins. Dessa época, existem mapas e ilustrações retratando a costa paranaense.

Núcleos coloniais, formados por portugueses e bandeirantes paulistas, que capturavam índios no litoral do Paraná como mão-de-obra escrava, e a descoberta de minas de ouro acabaram transformando esses arraiais em vilas, como Paranaguá, Antonina e Morretes, já indicadas em 1653, na "Planta da baía de Paranaguá e região contígua??. O ouro e a farinha de mandioca produzida na região eram trocados por ferramentas, tecidos e utensílios em Santos, São Vicente e Cananéia (SP). O primeiro atracadouro existente foi na Ilha da Cotinga.

No início do século XVIII, além da farinha, o comércio marítimo de Paranaguá incluía o envio de cestas, cordas, pescados, madeiras, cal de ostras, telhas, tijolos, entre outros, principalmente para Santos e Rio de Janeiro. Importava-se oficialmente vinho, aguardentes, vinagre, azeite e tecidos. Entretanto, já havia pirataria e contrabando na região, além do tráfico de escravos.

Em 1718, o navio francês Le François atracou em Paranaguá carregado com prata que vinha do Chile e seguiria para a França. Porém, quando iniciaria a retomada da viagem, sofreu um ataque de piratas franceses e ingleses que estavam dentro da sumaca Louise – embarcação de dois mastros, muito rápida e que possuía muitos canhões. Devido a um temporal repentino, o navio pirata acabou naufragando com o impacto numa laje de rocha submersa, junto à Ilha da Cotinga. Houve várias tentativas de recuperar o material do naufrágio, desde 1722, sendo que em 1963 e 1985 repetiram-se novas operações de resgate. Assim, vários colecionadores e algumas poucas instituições culturais têm a posse dos vestígios recuperados na sumaca Louise.

Devido à insegurança causada pela entrada de navios piratas, buscou-se a melhoria do sistema de defesa do litoral, sendo inicialmente posicionados dois canhões na Ilha das Peças, e dois no continente, além de sentinelas na Ilha do Mel. Em 1766, visando reforçar a segurança na costa paranaense e prevenir ataques de navios espanhóis do Rio da Prata, foi iniciada a construção da Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres, na Ilha do Mel. A construção do Porto de Paranaguá foi efetivamente iniciada em 1826, e em 1860 entraram embarcações de grande porte, visando às exportações de erva-mate. Em junho de 1850, ocorreu o incidente com o cruzador inglês Cormorant, que estava perseguindo navios negreiros no litoral paranaense.

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