Natal não fica sem o rei

Tão tradicional quanto o Papai Noel, já se dizia, é um disco de Roberto Carlos no Natal. Pois neste Natal não foi diferente. Pela Sony chegou aos pés das árvores natalinas de todo o País, o novo disco. De título, como também é de tradição, apenas o nome do compositor e cantor.

O álbum nasceu de uma noite de domingo, a de 17 de novembro de 2002, quando ele cantou no carioquíssimo Aterro do Flamengo, em seu primeiro show ao ar livre na Cidade Maravilhosa. Para os fãs, a apresentação (e agora o disco), significa a superação de um trauma profundo, a morte de Maria Rita.

O repertório do show-disco traz os obrigatórios clássicos de sempre, mas em arranjos mais enxutos, reafirmando a voz e a técnica perfeitas de um dos melhores cantores brasileiros de todos os tempos. Ficava evidente, ali, que o mergulho no projeto Acústico – que é mantido num trecho do show – fez um grande bem a Roberto. Excesso e grandiloqüência foram limados, concentrando-se na essência de uma artista que sempre soube valorizar a importância dos detalhes. Pequenos, mas “muito grandes pra esquecer”.

Produzido por Guto Graça Mello e Mauro Motta, o disco traz onze das músicas apresentadas naquela noite, mais três faixas bônus: as versões remixadas de Se você pensa (pelo DJ Memê) e O calhambeque (pelo DJ Xerxes) e, abrindo uma canção inédita da dupla Roberto Carlos e Erasmo Carlos, Seres humanos. Na letra desta última, com uma base de hip hop, num canto-fala próximo do rap (algo que, por sinal, Roberto já fizera décadas antes de o gênero nascer no Harlem nova-iorquino, na balada Não quero ver você triste assim) a dupla mostra sua crença na humanidade e sua visão ecumênica da religião.

No registro ao vivo, acompanhado de seu grupo, com arranjos e regência de Eduardo Lages, Roberto revê algumas das muitas pedras preciosas que lapidou através das últimas décadas. De Como é grande o meu amor a Parei na contramão, passando por Proposta, Emoções, Eu te amo tanto, Amor sem limite, Força estranha (esta escrita por Caetano Veloso para o Rei) e Jesus Cristo. Tudo com o equilíbrio perfeito de técnica e emoção que vem sendo uma das marcas registradas desse mestre da canção popular.

Seres Humanos

“Mas que negócio é esse de que somos culpados / De tudo que há de errado sobre a face da Terra / Buscamos apoio nas religiões / E procuramos verdades em suposições/ Católicos, judeus, espíritas e ateus / Somos maravilhosos / Afinal somos filhos de Deus / Somos seres humanos / Só queremos a vida mais linda / Não somos perfeitos / Ainda.”

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