De olho!

Na nova novela das 7, ‘Rock Story’, ídolo tenta reconstruir sua vida

Um roqueiro que chegou ao auge e viu o sucesso lhe escapar. Isso poderia resumir a história de Guilherme Santiago, o protagonista vivido por Vladimir Brichta na próxima novela das 7, Rock Story, que estreia na Globo, no dia 9 de novembro – em plena quarta-feira, uma estratégia de programação, segundo a assessoria -, substituindo Haja Coração.

Mas a autora Maria Helena Nascimento usou esse mote, tão comum na biografia de grandes rock stars da vida real, para, na verdade, mostrar a transformação de Guilherme ao longo do folhetim. “Eu queria um personagem que errasse muito, mas que tivesse bom coração, boas intenções, mas que ele fosse a pessoa que mais atrapalhasse ele mesmo. Eu queria contar uma história dessa, de como a gente conserta as coisas que a gente faz de errado”, explica a autora carioca, de 55 anos. “Ele perde um monte de coisa por causa de seu temperamento, das besteiras que faz, e vai atrás tentar recuperar.”

Maria Helena conta que seu protagonista não é inspirado em nenhum ídolo em específico, mas em “várias coisas que estão no ar”. “Eu queria ver a mudança desse cara ao longo da novela, era isso que interessava”, diz.

Gui, como é mais conhecido, é uma estrela do rock brasileiro nos anos 1990 que tenta retornar às paradas. Só que, nos bastidores, suas atitudes irresponsáveis e descontroladas só o prejudicam. E quase vai à ruína absoluta após agredir publicamente o jovem Léo Régis (Rafael Vitti), ídolo pop do momento e, naturalmente, o antagonista do roqueiro.

“Construí Léo para ser o rival artístico e sentimental do Gui, porque ele começa a novela tendo um caso com a mulher do Gui, a Diana”, detalha a autora. “Pensei nele ser esse tipo de cantor, porque ele seria um cara que o Gui desprezaria, ele é rock de raiz, despreza música pop. O Léo foi feito para ser o oposto dele: enquanto o Gui é um cara autêntico, desleixado, à moda antiga, o Léo é construído, com marketing enorme atrás, sabe se vender, sabe lidar com as fãs.”

Mulher de Gui e diretora artística da gravadora Som Discos, a bela Diana (Alinne Moraes), aliás, é uma das causas da desestabilização do roqueiro. Segundo a autora, Diana “puxa o pior dele” enquanto são casados. “Esses dois são intensos”, completa ela.

O ponto de mudança na vida de Gui ocorre justamente depois que seu mundo começa a desmoronar: ele acusa seu rival Léo de lhe roubar a música Sonha Comigo, uma balada com a qual ele acreditava que reergueria a carreira; se separa de Diana; se vê obrigado a assumir a guarda do filho problemático Zac (Nicolas Prates), de 16 anos, que ele teve com uma fã e não o via desde que era um bebê.

Tudo ao mesmo tempo. Mas após a tempestade, o roqueiro encontra a chance da guinada. E o espectador acompanha, como planeja a autora, a transformação de seu mocinho cheio de imperfeições.

Gui, que abomina o mundo pop, abre-se para uma nova possibilidade: montar uma boyband, a Quatro Ponto Quatro, e retomar, novamente, o sucesso. Essa ideia se vislumbra na mente de Gui quando ele percebe que o filho tem talento para a música. “Eles têm uma relação muito difícil no começo, mas vão aprendendo a se gostar, a conviver. Um dia, quando ele vai à gravadora, deixa o menino cantar e percebe que o filho pode derrotar Léo, pode virar um astro pop.”

O roqueiro tem ainda uma segunda chance no amor quando a jovem professora de balé Júlia (Nathalia Dill) surge em sua vida. E ela também. Duas pessoas que terminaram seus relacionamentos anteriores de forma traumática. Ele, por causa da traição da mulher; ela, enganada pelo ex-namorado, Alex (Caio Paduan), que tenta usá-la para transportar drogas para os Estados Unidos – ela é pega pela polícia no aeroporto, mas consegue escapar e vira foragida.

Júlia é outra que vai ao fundo do poço. E o fato de a moça ser uma delicada bailarina, no início da novela, foi proposital para fazer o contraponto com a fase mais pesada pela qual ela vai passar. “Com ela, eu também queria fazer essa trajetória de acompanhar a mudança, porque ela começa como uma mulher muito ingênua, vivendo num mundo cor de rosa e, de uma hora para outra, a vida dela vira um pesadelo, e ela vai ficar mais forte.”

Biografia

Com Rock Story, Maria Helena Nascimento faz sua estreia como autora solo. Com formação em Jornalismo, ela conta que nunca exerceu a profissão. Sempre trabalhou em TV, mesmo antes de se formar. Primeiro em produção e, depois, começou a escrever.

Em 1994, entrou para a Globo como colaboradora em Pátria Minha. Depois, participou de muitos outros trabalhos, como Suave Veneno (1999), Celebridade (2003) e Alto Astral (2014). “(Como colaboradora) trabalhei com Gilberto Braga, Aguinaldo (Silva), Antônio Calmon, e foi espetacular. Fui aprendendo um pouco a cada trabalho que eu fazia com eles. Fui me preparando aos poucos para chega a esse momento.”

E a ideia dessa sua primeira novela surgiu depois de ela folhear a biografia de Harry Styles, da boyband pop inglesa One Direction. A princípio, Maria Helena achou engraçado. Afinal, tratava-se da biografia de um garoto de 17 anos. Mas, depois, foi ficando interessada. “Me deu um estalo: nunca vi essa história na TV, tem potencial”, lembra.

Começou a pesquisar sobre o universo das boybands, procurou outros personagens de outras idades, “já que é uma novela que fala com muita gente”. “Fui pensando nessa boyband e em outros personagens: pais e mães, dono de gravadora”, diz a autora. “É algo que está na vida de qualquer pessoa, de qualquer classe social, de qualquer idade. A música está na vida de todo mundo. Então, colocar uma história nesse universo me pareceu algo promissor.”

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo