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Importantes efemérides e uma turbulenta conjuntura política mundial transformaram o ano da literatura, que se dividiu em importância entre ficção e realidade. De um lado, datas redondas como os 450 anos da fundação de São Paulo, os 50 do suicídio de Getúlio Vargas, os 40 da revolução militar, os 90 que completaria Julio Cortázar (e os 20 de sua ausência), o centenário de Pablo Neruda. De outro, a denúncia de torturas no Iraque, a resistência das mulheres iranianas, a nova visão do colonialismo. Entre eles e tateando ambos os lados, a vitalidade da prosa feminina brasileira, o massacrante sucesso de O Código Da Vinci, a consolidação das feiras literárias no País.

A estratégia política do presidente americano George W. Bush no Iraque aqueceu o mercado editorial dos EUA e também do Brasil. Seymour Hersh, respeitado jornalista americano, denunciou na revista New Yorker as torturas que os soldados de seu país impuseram na prisão de Abu Ghraib, sob a conivência do governo. O assunto transformou-se no livro Cadeia de Comando (Ediouro). Já o cineasta-combatente Michael Moore usou de todas as armas para evitar a reeleição de Bush e encontrou guarida nas editoras W11 e Francis, que lançaram títulos chamativos como Cara, Cadê Meu País? e Cartas da Zona de Guerra. A vitória de Bush, no entanto, minimizou a potência de seu veneno.

Mais séria, a pesquisadora iraniana Azar Nafisi revelou sensibilidade em demonstrar o valor libertador da escrita em Lendo Lolita em Teerã (A Girafa), sobre um grupo de mulheres que descobre na literatura o caminho da resistência em um país marcado pela censura.

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Os 450 anos de São Paulo, comemorados logo no início do ano, renderam uma série de publicações que, se impressionaram pela quantidade, não apresentaram a qualidade esperada. Destaque para a Coleção Paulicéia, da Editora Boitempo, que trouxe títulos curiosos como João do Rio – Um Dândi na Cafelândia, sobre as raras visitas que o cronista fez a São Paulo.

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