Na cabeça alheia

Um dos sonhos de infância de Jean Fercondini era ter superpoderes. Tanto que o ator vivia fantasiado de Batman e não perdia nenhuma aventura do Homem-Aranha. Mas seu sonho de se transformar num super-herói se realizou agora, aos 20 anos de idade. O paulistano nem acreditou quando foi chamado pelo autor Tiago Santiago para interpretar Lucas, o personagem que tem o poder de ler pensamentos em Caminhos do coração. ?Ele é um curinga, pode ir tanto para o lado do Bem quanto do Mal e tem o poder que eu sempre quis ter: saber exatamente o que as pessoas estão pensando?, entusiasma-se.

Mas as exaltações do ator são quase tão contidas quanto as do seu personagem. Com uma voz mansa, Jean olha sempre nos olhos e fala calmamente sobre sua breve trajetória como ator. Isso além da aprofundada composição que fez para o personagem que já considera o melhor de sua carreira. Como contracena muito consigo mesmo em cenas que não contam com efeitos especiais para demonstrar a leitura de seus pensamentos, Jean capricha no ?ar inteligente? em cena. ?Faço um olhar sério e penetrante?, explica.

Além do esmero nos olhares, Jean se inspirou no seriado de mutantes Heroes, da Universal, e no longa Do que as mulheres gostam, que mostra o protagonista vivido por Mel Gibson saboreando cada pensamento das personagens femininas do filme. Mas Lucas, além de olhar para os lados, apertar os olhinhos e verbalizar tudo que os personagens ao seu redor pensam, também sofre por amor. É apaixonado por Glória, a destrambelhada modelo míope vivida por Karina Bacchi. Para ter certeza de que ela gosta mesmo dele, o telepata, apesar de rico, se finge de pobre, já que a loura não esconde seu interesse por polpudas contas bancárias.

Com os mesmos trejeitos do irmão Max Fercondini, um dos maiores temores do ator na carreira eram justamente as inevitáveis comparações com o irmão louro. ?O pior são os comentários infelizes, quando dizem que tenho privilégios ou desmerecem dizendo que ele está na Globo e eu, na Record. Nós não temos rivalidades. Ficamos felizes quando ambos são elogiados?, assegura o ator, que estreou na Globo em 2004, como o Felipe de Malhação.

O que Jean gosta mesmo de fazer é passar as horas livres na casa dos pais, em Jundiaí, interior de São Paulo. ?Morei a vida toda em cidade do interior, numa chácara. Gosto de ir para lá brincar com os cachorros e tocar violão. Sou pisciano, muito sensível. Quando a saudade bate, corro para lá?, entrega.

Apesar da sonhada vida pacata como combustível para encarar os estúdios, o maior sonho de Jean ultrapassa a interpretação. Assim que terminarem as gravações de Caminhos do coração, o ator planeja passar uma temporada na Europa ou nos Estados Unidos fazendo cursos de cinema e roteiro. ?Pretendo continuar atuando. Mas quando estiver mais velho, minha praia vai ser dirigir as novelas?, projeta, com o mesmo olhar compenetrado.

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